Os fundadores da Cacau Crédito, Frederico Meinberg e João Carlos Meinberg, falaram à DINHEIRO sobre os planos da fintech – especializada em troca de recebíveis para micro, pequenas e médias empresas – de transacionar R$ 50 milhões até o final do ano e lançar uma linha de microcrédito para microempreendedores individuais (MEIs) de R$ 500 a R$ 2 mil.

O que motivou a criação de uma fintech para troca de recebíveis focada em empresas de pequeno porte?
João Carlos – Percebemos que as pequenas empresas têm mais dificuldades para obter crédito. Normalmente, os gerentes das instituições financeiras não gostam de atender empresas pequenas com essa finalidade. Uma empresa que fatura R$ 100 mil por mês vai movimentar cerca de R$ 30 mil por mês em troca de recebíveis. É pouco e dá o mesmo trabalho daquele que opera R$ 10 milhões. Percebemos que havia uma lacuna a ser explorada.

Quando a Cacau começou a operar?
Frederico – Iniciamos um projeto-piloto em setembro de 2018. Fomos lapidando a operação para captar clientes, evitar fraudes, aprimorar o sistema e em janeiro de 2019 começamos a operar para valer.

Quantos clientes a empresa tem e qual o montante movimentado?
João Carlos – Temos 295 clientes cadastrados de todas as partes do Brasil, prontos para operar. Cerca de 100 estão com posição em aberto. Desde janeiro de 2019 já movimentamos R$ 2,8 milhões e, neste momento, a Cacau tem emprestado perto de R$ 800 mil.

E quais são as taxas de juros cobradas?
Frederico – Trabalhamos atualmente com taxas líquidas de 0,95% a 4,95%. Nos bancos tradicionais seria de 8%.

Quais os planos da empresa para este ano?
Frederico – A gente pretende abrir o Fundo Cacau. Temos R$ 10 milhões, sendo R$ 5 milhões dos próprios sócios e a outra metade de outros investidores. Também vamos lançar uma linha de microcrédito para microempreendedores individuais (MEIs), de R$ 500 a R$ 2 mil, e a expectativa é transacionar R$ 50 milhões em 2020.

E como as empresas interessadas têm acesso?
João Carlos – O empreendedor tem de entrar no site ou no aplicativo da Cacau e preencher o cadastro. Em um minuto, ele tem a resposta se conseguirá ou não o crédito e quanto terá para troca de recebíveis. Depois vem outra fase, que é da abertura de conta. A partir daí, sempre que ele precisar antecipar algum recebível basta inserir a nota fiscal no sistema. É bem simples porque a tecnologia permite análise detalhada em poucos minutos. Antigamente, perdia-se horas nisso.

Crédito
Banco Inter aceita selfie em vídeo

A pandemia está obrigando as empresas a criarem inúmeras inovações para superar os obstáculos do momento para os negócios. Diante da dificuldade que existe para um cliente comprovar sua identidade presencialmente em um cartório, o Banco Inter adotou a assinatura por meio de selfie em vídeo. Ou seja, a pessoa comprova a sua identidade enviando um vídeo de si mesma lendo um texto solicitado pela instituição. “Buscamos oferecer soluções para que os nossos clientes possam continuar utilizando os serviços”, explica o vice-presidente comercial do Banco Inter, Marco Túlio Guimarães. Entre janeiro e março, a instituição registrou recorde de adesões. Os contratos deste período já somaram mais de R$ 100 milhões.

Voucher
Fintech quer ajudar pequenos

Com a finalidade de ajudar pequenos empreendedores durante o período de vacas magras, a fintech Cora criou o Compre dos Pequenos, sistema no qual o consumidor indica um valor que pretende gastar em determinado estabelecimento. Ele compra um voucher para usar futuramente na loja escolhida, quando ela voltar a abrir. O valor é repassado integralmente para o empreendimento cadastrado, sem cobrança de taxas. “O objetivo é garantir o fluxo de caixa dos estabelecimentos e facilitar a vida do pequeno empreendedor”, diz Igor Senra, CEO da fintech.

Números da semana
5%

É o percentual de queda do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil previsto para este ano pelo Banco Mundial, devido à crise gerada pela pandemia de Covid-19. O relatório, divulgado no domingo 12, prevê que em 2021 a economia brasileira deve se expandir 1,5%. Para 2022, a expectativa é de crescimento de 2,3%. Ainda segundo o relatório, a América Latina como um todo apresentará redução do PIB da ordem de 4,6% neste ano e crescimento de 2,6% em 2021. O organismo internacional destaca os efeitos sobre o turismo e lembra que os exportadores de commodities da América do Sul e de serviços e bens manufaturados da América Central e Caribe foram muito prejudicados com a queda da demanda na China e nos países do G7. “Para reduzir o impacto sobre os mais vulneráveis, o Banco Mundial sugere que os programas atuais de proteção e assistência social sejam ampliados”, diz em documento o Banco Mundial. “Muitas famílias vivem ‘da mão para a boca’ e não dispõem de recursos para suportar os bloqueios e quarentenas necessários para conter a propagação da pandemia. Por isso, a necessidade de aumentar e estender os programas de assistência social.”