Domingo, 08 de julho de 2018… um dia ensolarado e quente (pelo menos, em boa parte do País) que parecia ser um alento para a Nação após a frustração na Copa do Mundo. Dia em que as conversas no tradicional almoço em família seriam focadas na fatídica eliminação de nossa seleção frente à Bélgica. E tudo caminhava para isso, até que, por volta das 12h, as mensagens via WhatsApp começaram a “pipocar”, através dos vários grupos, com a bombástica informação que um tal “desembargador de plantão” teria mandado soltar o ex-presidente Lula.

O final da história todos sabemos, mas, poderia ter sido bem diferente (não fosse a intervenção do nosso sempre alerta Juiz Sergio Moro). Mas você deve estar perguntando: O que isso tem a ver com Fusões & Aquisições?
Acontece que tal situação expõe internacionalmente o nível de insegurança jurídica no Brasil que, associada às crises econômica e política que nos têm feito sofrer desde 2014, criam um cenário cada vez menos atrativo para as chamadas “strategic cross-border acquisitions”.

Ou seja, aquisições feitas por empresas estrangeiras no Brasil em função de suas estratégias de expansão internacional. Principalmente aquelas envolvendo empresas brasileiras de tamanho médio, que, além do ingresso de capital, trazem também tecnologia e geram empregos. E tudo isso porque situações como a de Domingo repercutem no mundo inteiro, denegrindo a imagem do Brasil nos quatro “cantos” da Terra e tornando (ainda mais) difícil vender a ideia que vale a pena investir aqui, mesmo com o câmbio favorável e com ativos ainda baratos (após anos de recessão).

Ou alguém acha, usando um exemplo hipotético, que aquele empresário alemão que está planejando expandir as suas operações internacionalmente decide, ao ler o noticiário sobre tamanha aberração jurídica, vir para o Brasil com tantas outras opções (Países) menos imprevisíveis? Alguns até vêm, mas muitos já não mais!

E estamos vivenciando isso na prática. Temos alguns mandatos de venda de ótimas empresas de tamanho médio (faturamento anual entre R$ 50 milhões e R$ 100 milhões) e que seriam extremamente atrativas para viabilizar a entrada de uma estrangeira no Brasil. Seriam… Ao apresentarmos as mesmas em países como França, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e Japão, dentre outros, a reposta da maioria tem sido muito parecida: “a Empresa interessa (e muito), mas o País (Brasil), nesse momento, não. Talvez mais adiante.”

Não à toa, o volume de Investimento Direto no País (IDP), que é destinado a aquisições e aportes de empresas estrangeiras no Brasil, teve queda de 30% nos primeiros quatro meses do ano versus mesmo período de 2017, conforme noticiado pela Folha de São Paulo (“Investimentos estrangeiros caem 30% de janeiro a abril”).

Assim, considerando o cenário atual, nossa expectativa é que esse tipo de transação (venda de empresas brasileiras para compradores estratégicos internacionais) sofra uma redução significativa ao longo dos próximos meses, com uma migração para os Fundos de Private Equity (PE), que já estão fortalecendo suas capacidades financeiras (vide a reportagem na capa do Valor Econômico de 10 de julho de 2018 sob o título “Fundos de participações têm maior captação desde 2014”) e se preparando para novas rodadas de investimento. E não apenas para aquisição de empresas brasileiras, mas também de estrangeiras que já estão aqui estabelecidas (vide os casos do Wal-Mart, adquirido pela Advent, e da Starbucks, comprado pela SouthRock).

Desta forma, qualquer empresário que planeje vender sua empresa no curto-prazo deve começar a considerar a (alta) probabilidade de ter um Fundo de Private Equity como seu sócio que, além do aporte financeiro, trará governança, networking, estratégia e melhores práticas de gestão, mas que também cobrará resultados. É preciso apenas saber escolher bem (falarei mais sobre os Fundos de Private Equity na próxima edição do blog).

Um forte abraço!