Um dos mais antigos hábitos dos espanhóis é a sesta ? aquele cochilo reconfortante logo depois do almoço. Pois agora os ibéricos terão a chance de provar aqui no Brasil que são realmente bons no ramo. Depois de assediar empresas brasileiras nos últimos três anos, a Flex, maior fabricante espanhola de colchões, comprou a tradicional Simons-Epeda, fundada na década de 30. O valor do negócio não foi revelado, mas o presidente da Flex, Francisco Nadal Beteré, disse que pretende investir US$ 7 milhões na construção de uma nova fábrica no Brasil, maior e mais moderna do que a atual, situada em Guarulhos, na Grande São Paulo.

O negócio entre a Flex e a Simmons-Epeda é o primeiro do grupo espanhol na América Latina. A empresa pretende utilizar a operação brasileira para expandir como uma espécie de ponta-de-lança para seu avanço no continente. Estima-se que as vendas anuais serão de 120 mil unidades no Brasil. O mercado brasileiro fabrica 15 milhões de colchões por ano. Ou seja, a empresa terá uma participação pequena no setor. Isso porque eles são especializados em colchões de mola, que, no Brasil, não representam mais do que 10% das vendas. Até a década de 70, quando reinava o modelo de molas, a própria Simmons-Epeda era uma das maiores do ramo. Mas desentendimentos entre os sócios (alguns muito idosos, outros com problemas de saúde) e a predominância da espuma acabaram fazendo com que a marca perdesse terreno. Hoje, a Simmons-Epeda atende principalmente o mercado hoteleiro.

Mas o colchão de mola, aos poucos, vem ganhando participação. Nos Estados Unidos, eles representam cerca de 95% do consumo e, na Europa, 50%. Os fabricantes brasileiros estão de olho nessa movimentação e começam a modificar suas linhas de produção para atender à demanda. A Probel, uma das líderes do setor, é uma das que está atenta a essa virada. ?Tenho certeza de que a preferência pelo produto vai continuar crescendo?, diz Oswaldo José Centoramore, diretor comercial. Entre as vantagens do colchão de mola, segundo ele, estão a durabilidade (uma vida útil de 15 anos) e o conforto. O problema é a diferença de preço entre os dois modelos, que chega a 150%.