Rivais em computação em nuvem, a Microsoft e a Amazon resolveram ser boas companheiras em outra área. Na semana passada, a empresa de Jeff Bezos e a fundada por Bill Gates, hoje comandada pelo indiano Satya Nadella, anunciaram um acordo no qual os sistemas de inteligência artificial Alexa, da Amazon, e a Cortana, da Microsoft, possam conversar entre si. É o que os especialistas chamam de “coopetição”. As gigantes do Vale do Silício colaboram e competem ao mesmo tempo. Quem ganha com isso é o consumidor. O Alexa, que funciona no alto-falante Echo, poderá conversar com a Cortana, que roda no Windows, dando ordens para abrir um e-mail ou checar a agenda do Outlook, da Microsoft.

A Cortana, por sua vez, poderá fazer o mesmo. A previsão é que, até o fim deste ano, os dois sistemas de inteligência artificial estejam “trocando uma boa prosa”. “É uma tentativa da Microsoft de encontrar novas maneiras dos usuários se envolverem com a Cortana, que ainda está limitada aos PCs”, diz Carolina Milanesi, analista da consultoria americana Gartner. “Para a Amazon, essa fusão representa um risco baixo e que dificilmente impactará na Alexa.” Nadella, da Microsoft, afirmou que as duas empresas têm características que tornam a parceria possível. “A personalidade e a expertise de cada uma são tais que, se trabalhassem juntas, o usuário poderia aproveitar melhor a tecnologia”, disse ao jornal americano The New York Times.

Questionado se a parceria poderia se estender para outras competidoras do ramo, como a Apple e o Google, Nadella disse que elas seriam “bem-vindas”. Bezos, por sua vez, justificou o acordo de forma simples. “Queremos que as pessoas tenham ainda mais acesso aos sistemas de inteligência artificial.” Em outra arena, no entanto, Microsoft e Amazon devem manter sua batalha. E, neste caso, a empresa de Bezos leva ampla vantagem em computação em nuvem. Dados da Synergy Research relativos ao último trimestre do ano passado mostravam que o Amazon Web Services contava com 40% do mercado de nuvem. As fatias de Microsoft, Google e IBM, somadas, eram de apenas 23%.