Na década de 80, quando o mercado brasileiro estava fechado para importações, os empresários Murillo Schattan e a sua esposa, Éster, donos da fabricante de móveis de luxo Ornare, se viravam como podiam para ganhar espaço no cenário de decoração.

 

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Murillo Schattan, dono da Ornare 

 

Para se diferenciar, iam aos Estados Unidos, o maior mercado consumidor do mundo, e à Itália, a meca do design, para trazer novidades que pudessem ser aplicadas aqui. Assim, a fabricante foi uma das primeiras a produzir no Brasil gavetas com trilhos metálicos, por exemplo, que deslizavam mais facilmente. 

 

“Era um detalhe que seduzia os clientes”, lembra Schattan. Passadas quase três décadas, a história hoje é totalmente diferente. Uma das principais estrelas de mostras de decoração do País, a Ornare agora exporta o seu savoir-faire para os Estados Unidos. 

 

Com uma loja em Miami, a grife planeja abrir outros quatro pontos de venda em cidades como Los Angeles, Nova York, Chicago e Washington. “O investimento será de US$ 1,5 milhão em cada loja”, diz Schattan. “O mercado americano vai voltar a ser o que era”, diz, referindo-se à recente crise econômica. Isso não significa que a grife deixará o Brasil de lado. 

 

Ao mesmo tempo que planeja novos pontos no Exterior, a Ornare também prepara uma ambiciosa expansão no País. “Estamos nos preparando para abrir dez franquias”, diz o dono da grife. Para atender esse crescimento, a empresa ampliará a linha de produção. 

 

Ela será transferida para uma nova planta, que substituirá as duas fábricas já existentes em São Paulo. A meta, segundo a companhia, é mais que dobrar a produção atual, de 12 mil metros quadrados de armários e 2,5 mil módulos de cozinhas por mês – um investimento da ordem de R$ 80 milhões. Com a capacidade de produção ampliada, a empresa pretende aproveitar o crescimento do mercado imobiliário (leia quadro), principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. E ainda existe uma terceira estratégia. 

 

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Apesar de Schattan enfatizar que o seu negócio é o alto padrão, a Ornare não descarta a possibilidade de criar uma nova marca para atender a classe média. Afinal, enquanto seus armários de seis portas custam, em média, R$ 32 mil, os de grifes voltadas para a classe média ficam por volta de R$ 20 mil. 

 

Para aumentar as vendas, o empresário conta com aliados de peso: arquitetos e decoradores. Cerca de 80% de todos os negócios fechados pela grife são decididos por esses profissionais. “O grande diferencial da Ornare é o seu acabamento requintado, com detalhes sofisticados existentes em todas as linhas”, elogia a arquiteta Patrícia Anastassiadis. 

 

“A marca trabalhou linhas com misturas de couro e chifre, ao mesmo tempo que lançava produtos com cristais Swarovski. Isso demonstra que ela escuta as necessidades dos arquitetos”, afirma Patrícia. A procura por um móvel de design autoral, com um modelo assinado por determinado arquiteto renomado, é uma tendência crescente na última década. 

 

“Trata-se de uma mudança de comportamento, marcado por um aumento das recepções em casa, e isso fez crescer a busca por ambientes mais aconchegantes e refinados”, destaca o diretor do programa de gestão do luxo da Faap, Silvio Passarelli.