Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) – A Órigo Energia recebeu um novo aporte de 250 milhões de reais da gestora norte-americana Augment Infrastructure, em um movimento que fortalece seu plano de expandir a oferta de energia solar por assinatura a residências e empresas para todo o território nacional, disse a empresa à Reuters nesta sexta-feira.

A meta da Órigo é alcançar mais de 1 gigawatt-pico (GWp) em capacidade instalada de fazendas solares até 2025, levando energia a mais de 500 mil clientes, por meio de um plano de investimentos de 4 bilhões de reais a ser executados nos próximos anos.

Atualmente, a empresa atende mais de 60 mil clientes, com uma potência instalada de cerca de 200 MWp em usinas solares em Minas Gerais, Pernambuco, Ceará e São Paulo.

Entre seus acionistas, estão Mitsui, TPG ART, BlaO (Blue like an Orange Sustainable Capital) e MOV Investimentos, além da Augment, que entrou no quadro de sócios no ano passado ao realizar um primeiro aporte de 460 milhões de reais.

A Órigo foi uma das primeiras a investir no modelo de geração de energia compartilhada no Brasil, oferecendo cotas de energia solar a residências e pequenas e médias empresas. O serviço dispensa a instalação de painéis solares no local: os clientes recebem energia da rede e passam a ver descontos em relação às tarifas cobradas pelas distribuidoras no mercado regulado, dados os incentivos regulatórios à modalidade.

A geração compartilhada ainda corresponde a uma fração pequena do mercado solar brasileiro, mas a tendência é de crescimento, à medida que mais consumidores passam a conhecer e se familiarizar com a novidade, disse à Reuters o CEO da Órigo, Surya Mendonça.

Segundo ele, a energia solar “por assinatura” demorou mais para ganhar tração por se tratar de um modelo inovador também para os financiadores, que estavam acostumados a trabalhar com empréstimos lastreados em contratos de energia de longo prazo. No mercado de “varejo elétrico”, os negócios envolvem grandes quantidades de clientes de pequeno porte que não estão obrigados a contratar o serviço por um prazo fixo, o que gerou uma desconfiança inicial.

“Quando você lança um produto novo para um público de varejo, você tem que educar o mercado… Quando entramos em um Estado novo, temos esse mesmo desafio que enfrentamos há seis anos em Minas Gerais (onde estão as primeiras usinas da empresa)”, explica o executivo.

O novo investimento da Augment na Órigo ocorre em um momento de forte crescimento da energia solar fotovoltaica no Brasil, que ultrapassou a energia eólica no fim do ano passado e se tornou a segunda maior fonte da matriz elétrica nacional em capacidade instalada.

O mercado em expansão começa a atrair players vindos de outros setores, como as operadoras de telecom, que já se movimentam para oferecer energia solar em negócios similiares aos da Órigo.

(Por Letícia Fucuchima)