Longe dos grandes centros financeiros do País, foram as fazendas que trouxeram algum alento para a economia brasileira neste atípico ano de 2020, marcado pelo isolamento social em decorrência da Covid-19. Segundo projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ano terá safra recorde, com 250,5 milhões de toneladas de alimentos. O volume, aliado à alta do preço de várias commodities, levará o Valor Bruto de Produção (VBP) do setor agropecuário a R$ 823 bilhões, alta de 13,7% ante 2019. Se ao ser analisado de forma isolada o resultado já tem peso histórico, ele se torna ainda melhor quando diante da perspectiva de que o PIB brasileiro deve recuar 5% no ano, de acordo com o Banco Central. “Mesmo com as crises sanitária e econômica, houve resiliência na demanda mundial pelos produtos agrícolas, levando a recordes do agronegócio brasileiro”, afirmou Aurélio Pavinato, CEO da SLC Agrícola.

Além do desempenho em alta do setor como um todo, a empresa se beneficia de seu próprio legado. Ela completa 75 anos com uma máquina azeitada para surfar na boa onda. “Desde a nossa fundação, assumimos o compromisso de ser líder em pioneirismo da indústria”, disse Pavinato. Na busca por honrar o ideal desejado, foi a primeira companhia do País a fabricar uma trilhadeira estacionária (em 1947) e uma colheitadeira de grãos (1965). Em 2007, tornou-se a primeira empresa do setor a ter o capital aberto na Bolsa de Valores. Atualmente, o foco da SLC Agrícola está em adotar ferramentas da agricultura de precisão e digital para se tornar protagonista na busca de maior sustentabilidade no campo. Para isso, concentra seus esforços em um tripé formado pelos pilares de pessoas, tecnologia e processos.

AURÉLIO PAVINATO Empresa: SLC Agrícola Cargo: CEO Destaques da gestão: Concentrar esforços em um tripé formado por pessoas, tecnologia e processos, o que reduziu o turnover e a despesa com insumos, elevando a rentabilidade.

Para manter seus 2,6 mil funcionários atualizados com o que há de mais recente em gestão e segurança, a empresa investe cerca de R$ 3 milhões ao ano. O cuidado, segundo Pavinato, se reverte em bons índices de negócios. A taxa de turnover (índice que mede a quantidade de demissionários e demitidos diante do número total de empregados) é a menor da história da empresa, com 14%. Com treinamento em dia, a SLC está conseguindo embarcar tecnologias de alta precisão em seu processo produtivo.

Um dos benefícios imediatos é a redução do uso de defensivos agrícolas, uma vez que equipamentos com sensores infravermelhos identificam as ervas daninhas e fazem aplicação direcionada. O resultado é a redução de custo com o insumo, que, somado a sementes e fertilizantes, representa entre 55% e 60% do custo operacional.

“Mesmo com as crises sanitária e econômica, houve uma resiliência na demanda mundial pelos produtos agrícolas, levando a recordes do agronegócio brasileiro” Aurélio Pavinato, CEO da SLC Agrícola.

Outra frente, que só neste ano ganhará recursos de cerca de R$ 20 milhões, é a agricultura digital. Em um dos projetos, a companhia está instalando a cobertura de telefonia celular 4G. Antes restrita aos escritórios, a conectividade de dados na área total das propriedades permitirá o envio de informações em tempo real das máquinas para os computadores, garantindo decisões estratégicas mais rápidas e assertivas.

No escritório, um dos maiores esforços é na busca de certificações. A meta é que as 16 unidades de produção estejam em conformidade com o Sistema de Gestão Integrada, que avalia aspectos ambientais, de responsabilidade social, saúde, segurança e qualidade. Oito delas já funcionam seguindo essas diretrizes. O trabalho continua na lavoura com a certificação Round Table on Responsible Soy (RTRS) para a soja, e no algodão com o selo internacional Better Cotton Initiative (BCI) e com o Algodão Brasileiro Responsável. “Sustentabilidade ganhará nova dimensão. Por pressão do consumidor a mudança estará cada vez mais amparada pela ciência”, disse o executivo. A decisão de concentrar os esforços nos três pilares e em uma apurada gestão de riscos foi o que levou a companhia a obter bons resultados. “Desenvolvemos uma capacidade de estabilidade de produção por meio da diversificação geográfica e de culturas”, afirmou Pavinato. Ainda que não divulgue perspectivas de crescimento, o executivo espera uma evolução diante dos R$ 2,5 bilhões de 2019. O primeiro semestre dá uma pista. De janeiro a julho, a empresa obteve crescimento de 16% na receita líquida, com R$ 1,2 bilhão. Na soja, houve recorde de produtividade, com 65 sacas por hectare, em 236 mil hectares colhidos. No algodão, foram 125 mil hectares. No milho, 87 mil. Quase a totalidade da produção tem o mercado externo como destino: algodão (97%), soja (90%) e milho (entre 80% e 85%).

As melhores

1. SLC 450,10 PONTOS

2. Amaggi 405,95 PONTOS

3. Bunge 371,88 PONTOS