“Orem por mim em Brasília.” O pedido foi repetido nesta quarta-feira, 3, várias vezes pelo novo ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos. Ele caminhava ao lado de seu sucessor no Comando Militar do Sudeste (CMSE), o general Marco Antonio Amaro dos Santos, em direção ao carro de onde desembarcaria o vice-presidente, general Hamilton Mourão. Ramos rogou por preces aos convidados que foram assistir à cerimônia de transmissão de cargo dele para Amaro.

Ramos vai substituir no Planalto o general Santos Cruz, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro. Em seu discurso de despedida, o novo ministro disse esperar não decepcionar os amigos que deixou em São Paulo. “Sei que sou um general impetuoso e agoniado, mas assim sou e não mudarei.” Afirmou sentir uma dor no peito ao deixar a farda “que permanecerá impregnada até a minha medula”. “E o coturno no armário com o sentimento de cumprimento do dever e o amor à Pátria. Jamais deixarei de ser soldado.” Em referência à Bíblia, disse que pediu a Deus “a sabedoria de Salomão e a capacidade e articulação de José do Egito”.

O ministro, o vice-presidente e Amaro – todos paraquedistas – se encontraram no palanque com outros três paraquedistas: Bolsonaro e os ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa) e Augusto Heleno (GSI). “Somos todos aves de mesma plumagem. Águias não voam com corujas. E o senhor é o Águia Uno”, disse Ramos, dirigindo-se a Bolsonaro, que brincou: “Vou transferir a sede da brigada Paraquedista para o Palácio”.

Pela primeira vez desde a redemocratização, um presidente da República assistiu à transmissão de comando no CMSE. Não só. Além de Bolsonaro, do vice e de três ministros, estavam ali o comandante da Marinha, almirante Ilques Barbosa Junior, o governador de São Paulo João Doria, o senador Major Olimpio (PSL-SP) e mais de uma dezena de deputados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.