Uma manifestação reuniu cerca de mil pessoas neste sábado (25) em Moscou, convocada pelo Partido Comunista da Rússia, para protestar contra o que os críticos do Kremlin classificam de fraude maciça durante as últimas eleições legislativas.

Em uma praça Pushkin abarrotada, os principais nomes do Partido Comunista reuniram uma multidão compacta e tranquila, para denunciar que as eleições haviam sido “roubadas”, conforme constatou um correspondente da AFP no local.

O partido governante “Rússia Unida roubou os assentos dos deputados”, disse Valeriy Rashkin, primeiro secretário do Partido Comunista em Moscou, criticando “a colossal fraude eleitoral em Moscou”.

Por sua vez, o presidente Vladimir Putin parabenizou neste sábado o partido governante pela “vitória convincente”, ao afirmar que a democracia russa saiu fortalecida, após um encontro com os líderes dos cinco partidos que conseguiram assentos no Parlamento, entre eles Gennady Zyuganov, do Partido Comunista.

Antes do início da manifestação, que não foi autorizada pelas autoridades, as forças de segurança detiveram vários ativistas políticos, entre eles Sergei Udaltsov, líder de um partido radical de esquerda, assinalou a ONG OVD-Info, especializada no monitoramento das manifestações na Rússia.

A polícia marcou presença na praça Pushkin com grande aparato, mas não tentou dispersar a manifestação. Contudo, ressoou música a todo volume em caixas de som para abafar os discursos dos manifestantes.

“Putin é um ladrão”, gritavam os manifestantes, que também pediam a libertação dos presos políticos. Alguns exibiram cartazes pedindo recontagem de votos, enquanto outros expressavam apoio ao opositor Alexey Navalny.

A oposição a Putin acusa as autoridades de realizar uma fraude maciça durante as eleições legislativas que ocorreram entre 17 e 19 de setembro.

O partido governante conquistou uma ampla maioria de dois terços, que é suficiente para realizar emendas à Constituição, a cereja do bolo em um processo eleitoral feito sob medida, com a retirada dos principais adversários do presidente.

Navalny e seus aliados, impedidos de participar nas urnas depois que seu movimento foi classificado como “extremista” pela Justiça, tinham desenvolvido uma estratégia com o propósito de incentivar os eleitores a votar nos candidatos de oposição mais bem posicionados em cada distrito para superar o partido governante.

Segundo a oposição, a estratégia de “voto inteligente” teria obtido grande sucesso, sobretudo em Moscou, mas acabou frustrada por uma fraude maciça.

“(Na manifestação) não estão apenas os simpatizantes do Partido Comunista, mas também o eleitorado da oposição”, disse à AFP Deniza Lisova, de 26 anos, que se considera independente e ressaltou que todas as cores políticas estavam representadas. “Todos apoiamos o Partido Comunista nas eleições”, acrescentou.