O Ministério Público e a Polícia Civil do Rio cumprem na manhã desta quinta-feira, 10, mandados de busca e apreensão na casa do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), e em duas sedes da Prefeitura: o Palácio da Cidade, na zona sul, e o prédio administrativo conhecido como “Piranhão”, na região central da cidade. A investigação apura suposto esquema de corrupção e organização criminosa no Executivo carioca.

Os mandados de hoje são um desdobramento da Operação Hades, deflagrada em março deste ano contra supostos envolvidos no que ficou conhecido como “QG da propina”. Naquela ocasião, foram cumpridos 17 buscas e apreensões. Nesta manhã, mais pessoas foram atingidas: 22.

A investigação teve como ponto de partida a delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso no âmbito da operação Câmbio Desligo, um dos desdobramentos da Lava Jato fluminense. Veio dele a expressão “QG da Propina” para se referir ao esquema, que teria como operador Rafael Alves, homem forte da Prefeitura apesar de não ter cargo oficial. Ele é irmão do ex-presidente da Riotur, Marcelo Alves – os dois foram os principais alvos dos mandados de março, e Marcelo foi exonerado logo depois.

O suposto QG funcionaria assim, de acordo com o delator: empresas interessadas em trabalhar para o Executivo carioca entregavam cheques a Rafael, que faria a ponte com a Prefeitura para encaminhar os contratos. O esquema também funcionaria no caso de empresas com as quais o município tinha dívidas – aqui, o operador mediaria o pagamento.

As diligências de hoje ocorrem em endereços ligados a agentes públicos municipais e empresários na capital (nos bairros da Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Tijuca e Flamengo), além dos municípios de Itaipava, na região serrana, e Nilópolis, na Baixada Fluminense.

Crivella não se pronunciou até a publicação desta matéria. Nesta semana, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), que também almeja à Prefeitura, também foi alvo de operação – por suposto caixa 2 na eleição de 2012. Ele negou irregularidades e protestou contra a ação, que atribuiu a motivos políticos. Os dois devem protagonizar a eleição deste ano no Rio.

Além da operação de hoje, Crivella se vê envolvido em outro escândalo: o dos “Guardiões”, caso revelado pela TV Globo. Servidores da Prefeitura eram pagos para fazer “plantões” na porta dos hospitais e impedir que a população denunciasse as más condições da Saúde em entrevistas para a emissora de televisão.

A ação desta manhã foi deflagrada pela Subprocuradoria-Geral de Assuntos Criminais do MP e pelo Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria-Geral de Justiça (Gaocrim). Também participam policiais civis da Coordenadoria de Investigações de Agentes com Foro.