O cartel Opep+ se reúne na quarta-feira (5) em meio a intensos rumores que indicam um corte drástico na produção de petróleo bruto diante de uma piora das perspectivas para a economia.

Os representantes dos 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), liderados pela Arábia Saudita, e seus dez aliados encabeçados pela Rússia se reunirão pela primeira vez pessoalmente, em Viena, onde fica a sede do cartel, após reuniões virtuais desde março de 2020.

Esta mudança no formato da reunião é interpretada por alguns especialistas do setor como uma indicação de que haverá um anúncio importante.

“Há vários rumores circulando sobre como a aliança vai reagir à deterioração do contexto econômico”, disse Craig Erlam, analista da Oanda.

Alguns analistas apostam em uma redução das cotas de produção, em torno de um milhão de barris por dia, para o mês de novembro. Esse corte seria o mais importante desde que o cartel optou, no início da pandemia da covid-19, em 2020, por uma histórica redução de cerca de 10 milhões de barris para enfrentar uma queda na demanda pelos confinamentos e restrições sanitárias.

Em meio a esses rumores, o preço do petróleo bruto subiu quase 5% nos mercados e o WTI, dos EUA, tocou US$ 83, e o Brent do Mar do Norte chegou a US$ 89. Os dois marcadores continuam, no entanto, longe dos máximos alcançados no início do conflito na Ucrânia, em março, quando se aproximaram de US$ 140.

– ‘Reafirmar sua influência’ –

Em seu último encontro mensal, em setembro, a OPEP+ reagiu aos temores de uma recessão com um leve corte de cerca de 100.000 barris em suas metas. Esta foi a primeira decisão a este respeito em mais de um ano. Na ocasião, o cartel disse estar disposto a ir mais longe.

“O grupo de produtores perdeu totalmente o controle do mercado de petróleo nas últimas semanas e gostaria de reafirmar sua influência”, disse Stephen Brennock, analista da PVM Energy.

A pergunta crucial agora é qual será a magnitude do corte.

Segundo o banco UBS, seria necessária uma redução de pelo menos 500 mil barris para “deter a dinâmica negativa dos preços”. Isso seria um alívio para esta aliança, que quase todos os meses, com raras exceções, consegue cumprir suas metas de produção.

Um corte, mesmo significativo, seria “muito fácil de implementar”, já que “a maioria dos membros está no limite do que pode produzir”, confirmou Bjarne Schieldrop, da consultoria SEB.

Outra questão será a reação dos países ocidentais que estão confortáveis com a queda dos preços, em um momento em que o aumento do preço da gasolina para os motoristas gera tensão.