O cartel do petróleo da Opep+ decidiu, nesta quarta-feira (3), aumentar levemente sua produção, apesar das negociações do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em meados de julho na Arábia Saudita, para tentar conter o aumento de seus preços.

Os representantes dos 13 membros da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus dez sócios concordaram em “aumentar a produção (…) em 100 mil barris diários no mês de setembro”.

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O número é bem abaixo dos meses anteriores, quando chegaram a em torno de 432 mil e 648 mil barris adicionais, segundo uma nota divulgada após uma videoconferência ministerial.

Os preços do petróleo subiram imediatamente, “para decepção do presidente dos EUA”, disse à AFP Tamas Varga, analista da PVM Energy.

Edward Moya, da Oanda, referiu-se, ironicamente, ao “menor aumento na história da Opep+”, que “pouco fará para superar a atual crise energética global”.

“O governo Biden não ficará feliz”, acrescentou, prevendo “um revés nas relações entre Estados Unidos e Arábia Saudita”.

Outros especialistas, como Stephen Brennock, da PVM Energy, viram isso como “um movimento simbólico para apaziguar” Biden.

– Tentativas frustradas –

Os 23 membros do cartel deveriam decidir uma nova estratégia, em um momento em que os níveis de produção voltaram aos seus níveis anteriores à pandemia de coronavírus.

Em 2020, o grupo optou por deixar milhões de barris de petróleo no subsolo, para não inundar o mercado com petróleo bruto que não poderia absorver, devido a um colapso na demanda.

As discussões técnicas começaram por videoconferência no início da tarde em Viena, sede do cartel, e foram seguidas de uma reunião ministerial.

Biden se reuniu com o príncipe herdeiro saudita, Mohamed bin Salman, em meados de julho, para tentar convencê-lo a voltar a produzir em alta velocidade e, assim, impedir a disparada dos preços dos combustíveis.

Essa conversa forçou Biden a voltar atrás em sua promessa anterior de tratar o reino saudita como um Estado “pária”, após o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018.

A decisão da Opep+ mostra que ela continua unida e, de fato, atende aos interesses da Rússia, que são diametralmente opostos aos dos Estados Unidos.

Em seu comunicado à imprensa, o cartel do petróleo insiste na “importância de manter o consenso imprescindível para a coesão da aliança”.

Na semana passada, o presidente francês, Emmanuel Macron, também conversou com o líder saudita, apesar dos protestos de grupos de direitos humanos. Nesse sentido, Macron defendeu o objetivo de “atenuar os efeitos da guerra da Ucrânia na Europa, Oriente Médio e no mundo”.

No entanto, “é improvável que a Opep + anuncie um aumento significativo da produção, dados os crescentes temores de recessão” e a queda nos preços do petróleo desde o início de junho, diz Stephen Innes, sócio-gerente da SPI Asset Management.