Um novo relatório epidemiológico divulgado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) neste domingo (8) indica que a variante delta do coronavírus já representa 90% das amostras genéticas feitas em todo o mundo. De acordo com o órgão, a nova cepa surgida na Índia em outubro de 2020 já está presente em 135 países, sendo 22 em todo o continente americano.

A Opas, porém, adverte que os dados “devam ser avaliados com cautela devido à representação possivelmente enviesada dos dados de sequenciamento genômico do SARS-CoV-2, com maior contribuição de países de alta renda”.

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Isso significa, por exemplo, que países como Bolívia, Venezuela, Panamá, Belize e Honduras, que não publicaram sequenciamento genético da variante delta na plataforma Gisaid, possam ter a variante delta circulando em seus territórios.

“Nem todos os países compartilham seus dados por meio da plataforma Gisaid, e a capacidade de sequenciamento genético pode ser diferente de um país a outro”, afirma o relatório. Até 5 de agosto deste ano, foram realizadas mais de 2,6 milhões de sequenciamentos genômicos do coronavírus em todo o mundo.

Apesar da predominância de influência dos países ricos (realizam mais sequenciamentos genéticos), a Opas alerta ao avanço global da variante delta e pede a intensificação da vigilância genômica, das medidas de proteção (higienização das mãos, uso de álcool gel, distanciamento social) e, sobretudo do avanço da vacinação.

A Opas cita que a delta é mais transmissível e que pode gerar carga viral 1.260 vezes maior que a cepa original, segundo um estudo ainda sem revisão. Outra pesquisa citada, realizada no Reino Unido, estima que o risco de hospitalização com a delta é duas vezes maior comparada à variante alfa.

Outro ponto enfatizado é que a eficácia das vacinas contra a delta diminui drasticamente com apenas uma dose. A Opas enfatiza a importância de avançar com a vacinação completa (2 doses) para proteger as populações americanas.

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro disse na última quarta-feira (4) que a delta já corresponde a 45% das amostras analisadas na capital fluminense. Em São Paulo, o Instituto Adolfo Lutz apontou a delta em 23,5% das amostras.