A Kroton vai protocolar uma proposta de Oferta Pública de Aquisição (OPA) das ações da Somos Educação e espera que o procedimento possa ser concluído até 19 de maio, conforme afirmou o presidente da companhia, Rodrigo Galindo.

A compra do controle da Somos – antes detida pela gestora Tarpon – foi concluída na semana passada. Agora, a Kroton tem a obrigação de lançar uma OPA de tag along, oferecendo aos minoritários a possibilidade de vender suas ações nas mesmas condições oferecidas ao antigo controlador.

A Kroton propõe também uma OPA de saída do Novo Mercado e fechamento de capital da Somos. O fechamento de capital dependerá da adesão dos minoritários à oferta, mas é um desejo da Kroton.

O diretor presidente de Educação Básica da companhia, Mario Ghio, afirma que deixar de ter as obrigações de uma companhia aberta deve permitir que a empresa “libere energia” da Somos para que a companhia mantenha foco nas atividades principais do negócio.

Expansão orgânica

Segundo Galindo, a Kroton já tem previsão de abertura de duas novas escolas de ensino básico, uma continuidade do plano de expansão da empresa no segmento que começou com pequenas aquisições e inclui também a incorporação da Somos Educação.

Já em 2019, será aberta uma nova unidade sob a marca do Colégio Lato Sensu, que atua no ensino infantil, fundamental e médio no Amazonas. Em 2020, está prevista uma abertura de um colégio da marca Leonardo da Vinci, do Espírito Santo.

Ambos os colégios foram adquiridos este ano pela Saber, a holding criada pela Kroton Educacional para gerir o ensino básico. A aquisição de marcas de ensino regionais para futura inauguração de escolas nos arredores é parte da estratégia da Kroton.

A empresa começou seu plano de atuação no ensino básico logo depois de ter sido vetada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), no ano passado, a fusão com sua rival do ensino superior, a Estácio.

Além das pequenas aquisições regionais, a Kroton concluiu na semana passada a compra do controle da Somos Educação, empresa até então controlada pela gestora Tarpon e que é dona de escolas próprias, editoras de livros e sistemas de ensino.

Embora o foco da Kroton daqui pra frente ficará na integração da Somos – que, conforme Galindo, levará dois anos – a empresa não descarta aproveitar oportunidades de novas aquisições pela holding Saber.

“A companhia tem muito espaço para fazer aquisições e tem caixa para isso”, conclui Galindo. Após emissão de debêntures para aquisição da Saber, o nível de endividamento da Kroton ficará em cerca de 2 vezes o Ebitda, disse Galindo. A empresa considera que um patamar de até 2,5 vezes ainda é confortável.

No ensino básico, o diretor presidente responsável pela área, Mario Ghio, afirma que a Kroton tem estudado oportunidades. “O ritmo (de novas aquisições) depende dos vendedores, mas acredito que teremos novidades no próximo ano”, afirmou.

Aquisições em outras áreas de negócio também não estão descartadas. No ensino superior, mercado que a Kroton já lidera, Galindo considerou que aquisições de faculdades presenciais em municípios onde a empresa ainda não atua tendem a não enfrentar barreiras junto à autoridade concorrencial.

Soluções de EAD

O presidente da Kroton afirmou que a companhia está pronta para oferecer soluções de ensino a distância caso essa venha a ser uma demanda de escolas públicas e privadas em meio a discussões sobre a introdução do EAD no ensino básico. A companhia enxerga, no entanto, que a maior oportunidade para isso se dá em disciplinas não-obrigatórias no Ensino Médio.

O uso de EAD não apenas no ensino superior, mas também no ciclo básico, já foi defendido pelo candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro. O diretor presidente de Educação Básica da Kroton, Mario Ghio, afirmou que o tema tem sido mais discutido pelo Conselho Nacional de Educação dentro do contexto da reforma do Ensino Médio.

Há pareceres favoráveis, diz Ghio, para que o EAD seja usado nos temas chamados de “discricionários”, que são as disciplinas de fora da grade obrigatória, relacionadas à trajetória de carreira que o aluno deseja seguir. Assim, um aluno de ensino médio que deseja cursar faculdade na área de Saúde, poderia buscar material de ensino a distância sobre o tema.

Segundo Ghio, a Kroton pode implementar o EAD em suas escolas próprias, também seguindo esse princípio da discricionariedade.

Com a aquisição da Somos Educação concluída na semana passada, a Kroton amplia sua atuação no ensino básico, com escolas próprias mas também com editoras de livros didáticos e com oferta de sistemas de ensino e serviços de apoio a escolas privadas.

A Somos tem ainda uma exposição ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), por meio da qual suas editoras de materiais didáticos vendem livros ao setor público. A empresa é dona das editoras Ática, Scipione e Saraiva.

A Kroton disse não considerar que haja risco para a continuidade do programa com a mudança no governo após as eleições. “É um programa de Estado, não de governo”, diz Ghio. Ele considerou ainda que os presidenciáveis têm destacado a importância de dar foco à educação básica dentro da atuação do Ministério da Educação.