Onze combatentes das Forças de Mobilização Popular, coalizão paramilitar integrada ao Estado iraquiano, morreram neste sábado (23) em uma emboscada atribuída ao grupo jihadista Estado Islâmico (EI) ao norte de Bagdá, informaram fontes desse corpo armado à AFP.

O ataque, realizado à noite em uma região remota, com armas leves – um modus operandi típico do EI desde sua derrota militar no Iraque em 2017 – foi menor do que o duplo ataque suicida que matou na quinta-feira 32 civis no centro de Bagdá, e que aumentou o medo do ressurgimento de jihadistas em terreno urbano.

“O EI lançou um ataque à 22ª brigada das Forças de Mobilização Popular [Hashd al-Shaabi] a leste de Tikrit”, a capital da província de Saladino, cerca de 150 km ao norte de Bagdá, disse Abu Ali al Maliki, um dos oficiais daquele brigada.

Onze membros morreram e outros dez ficaram feridos, indicaram outras fontes das Forças de Mobilização Popular. O ataque não foi reivindicado, mas todas as fontes contatadas pela AFP acusaram o EI.

– Burocracia e corrupção –

Segundo especialistas, o atentado de quinta-feira, reivindicado pelo órgão de propaganda do grupo jihadista, pode ser um caso isolado, já que as células clandestinas do EI, espalhadas por áreas montanhosas e desérticas do país, não têm organização e nem equipamentos necessários para realizar grandes ataques em áreas urbanas.

No entanto, o ataque sem precedentes em mais de três anos na capital expôs as deficiências do aparato de segurança iraquiano, corroído pela corrupção e burocracia.

Além disso, as forças de segurança pagam o preço das tensões entre grupos armados rivais e entre políticos de todos os extremos, enquanto o país se prepara para organizar uma eleição antecipada, cuja data exata ainda está sendo debatida.

De fato, os ataques do EI nos últimos meses foram registados, sobretudo, nas províncias de Saladino e Kirkuk (norte), disputadas pelas forças curdas e federais, o que abriu uma brecha da qual os jihadistas se aproveitaram.

Assim, dezessete pessoas, a maioria militares, morreram em novembro em vários ataques do EI no norte de Bagdá.

Ao mesmo tempo, os Estados Unidos reduziram seu contingente no Iraque para 2.500 soldados, enquanto quase todos os outros países membros da coalizão anti-EI deixaram o país assim que estourou a pandemia do coronavírus.