O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro-chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro, relatou na tarde desta segunda-feira, 12, que a sua pasta acumulará a interlocução com o Congresso e a coordenação dos ministérios. No atual governo, de Michel Temer, as conversas com os parlamentares são coordenadas pela pasta da Secretaria de Governo e a gerência das atividades dos ministérios é de responsabilidade da Casa Civil.

Pelo desenho elaborado até aqui pela equipe de Bolsonaro, o Palácio do Planalto contará ainda com as pastas do Gabinete de Segurança Institucional, chefiada pelo general reformado Augusto Heleno Ribeiro, e a Secretaria-Geral da Presidência, que poderá ser comandada pelo advogado Gustavo Bebianno. Na campanha presidencial deste ano, Bebianno atuou como assessor direto de Bolsonaro e ainda presidiu o PSL.

Conversa com Maia

Onyx disse ainda que a equipe do governo eleito não vai interferir na escolha dos cargos de presidente da Câmara dos Deputados e do Senado. Ele afirmou que esteve hoje na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acompanhado de Bebbiano. Segundo ele, a conversa foi “agradável”.

“Nós conversamos hoje com o presidente da Câmara. E dissemos o que presidente tem reiterado: o governo não pretende intervir nas definições do comandos da Câmara nem do Senado”, disse Onyx. “Todo governo que forçou a mão e fez intervenção se deu mal com isso. A ideia é respeitar as representações dos poderes, as vontades e desejos da maioria dos parlamentares, quer da Câmara, quer do Senado.”

Onyx disse que qualquer decisão que Câmara e Senado tomarem será “soberana e autônoma” e que o governo Bolsonaro não quer passar uma imagem de “prepotência” para o Legislativo. “Não nos passa neste momento que seja positivo nenhum grau de intervenção quer na eleição da Câmara, quer na do Senado”, disse. “Qualquer outra atitude pode ser lida como prepotência do futuro governo. O atual governo do País vocês sabem quem é.”

Onyx disse ainda que os deputados e senadores serão muito bem tratados no governo Bolsonaro. “O que conversamos com o presidente da Câmara é no sentido de estreitar nosso diálogo”, afirmou. “A relação será de absoluto respeito. Foi esse o recado que fomos levar.”

O ministro também foi questionado a respeito da fala do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse ser necessário dar uma “prensa” no Congresso. Na mesma semana, o Senado aprovou o reajuste dos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal e do Procurador-Geral da República de 16,4%, de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil mensais.

“Olha, sabe o que acontece? Às vezes, é que nem diz o capitão (Bolsonaro) né, às vezes tem que dar uma ‘canelada’. Mas, na verdade, não. Nós vamos tratar ao contrário. Toda a equipe está sendo preparada para que os parlamentares, em dezembro de 2019, deputados e senadores, digam o seguinte: ‘nunca fui tão respeitado e valorizado como no governo de Jair Bolsonaro. Esse é o esforço que estamos fazendo”, disse.