A Organização das Nações Unidas (ONU) deve condenar nesta quarta-feira (23) pela 29ª vez o embargo americano imposto a Cuba há quase seis décadas, previsivelmente com a oposição de Estados Unidos, Israel e Brasil.

Como acontece anualmente desde 1992, após um ano de pausa devido à pandemia de covid-19, a Assembleia Geral da ONU votará a resolução cubana de condenação do embargo, a partir das 10h (11h de Brasília). A expectativa é que o texto seja aprovado por grande maioria.

Na última votação, em novembro de 2019, o embargo contra Cuba foi condenado por 187 votos contra três, os habituais Estados Unidos e Israel e, pela primeira vez, o Brasil, após a eleição de Jair Bolsonaro.

Apenas dois países optaram pela abstenção:: Ucrânia e, pela primeira vez, a Colômbia, cujo presidente Iván Duque é outro grande aliado de Washington.

Imposto há 59 anos e endurecido em várias oportunidades, O embargo americano não conseguiu derrubar o governo do Partido Comunista cubano.

Havana afirma que, desde que o presidente John F. Kennedy impôs o embargo a Cuba em fevereiro de 1962, em plena Guerra Fria, menos de um ano depois que Fidel Castro declarou o caráter socialista da revolução, este provocou prejuízos à ilha que superam US$ 138 bilhões.

O embargo a Cuba foi aprovado por lei e apenas o Congresso dos Estados Unidos pode acabar com a medida.

Apenas uma vez, em 2016, Washington optou pela abstenção no voto da resolução cubana que condena o embargo, em um contexto de aproximação do governo de Barack Obama com a ilha. Os dois países restabeleceram relações em 2015.

Donald Trump alterou, no entanto, a rota da aproximação histórica: voltou a declarar o país comunista como Estado patrocinador do terrorismo e impôs quase 250 novas sanções contra Cuba.

As medidas provocaram uma crise de energia e de combustível, restringiram as viagens de turistas americanos à ilha, assim como o envio de remessas de cubano-americanos para seus parentes em Cuba.

O presidente americano, Joe Biden, que, como vice de Obama participou da política de degelo com Cuba, não reverteu nenhuma das sanções impostas por Trump desde sua chegada à Casa Branca em janeiro deste ano.

Em sua campanha, no entanto, ele prometeu mudar a postura e afirmou que a linha dura de Trump contra Cuba “não fez nada para se avançar na democracia e nos direitos humanos” na ilha.