A ONU pediu, nesta sexta-feira (17), “ação” imediata contra a seca e a desertificação para evitar “desastres humanos”, no momento em que vários países enfrentam ondas de calor incomuns para esta época do ano.

“A hora de agir é agora: cada ação conta”, declarou o secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD, na sigla em inglês), Ibrahim Thiaw, em uma conferência mundial em Madri por ocasião do Dia Mundial da Luta contra a Seca.

“Todos nós sabemos: um número crescente de pessoas é afetado pela seca”, acrescentou, lembrando que “metade da população mundial enfrentará uma grave escassez de água nos próximos oito anos”.

Por isso, é indispensável “implementar sistemas eficazes de alerta precoce e mobilizar fundos duradouros para melhorar a resistência” das populações à desertificação, evitando, assim, “desastres humanos”, insistiu o líder da ONU.

“Não há lugar na Terra para se esconder (…) Nenhum país, rico ou pobre, está a salvo” do problema, frisou.

Vários países, como Estados Unidos, Espanha, Itália e França, estão sofrendo ondas de calor extremo incomuns nesta época, quando o verão ainda não chegou ao hemisfério norte, com temperaturas acima de 40ºC.

“Estamos diante de temperaturas que já não são uma anedota”, disse o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, na conferência, citando os recentes picos de 43ºC em algumas cidades da Espanha.

Os países às margens do Mar Mediterrâneo, incluindo a Espanha, estão entre as áreas do mundo mais afetadas pela escassez de água e pelas consequências da mudança climática. De acordo com o governo espanhol, 74% do país está em risco de desertificação. Uma situação que, segundo Sánchez, implica uma importante tarefa de “planejamento”.

Organizada em Madri, esta conferência acontece quase um mês depois da COP15 contra a desertificação, que reuniu 7.000 pessoas em Abidjan e que comprometeu a recuperar 1 bilhão de hectares de terras degradadas até 2030 para responder à “emergência climática”.