26/01/2020 - 7:44
A Missão das Nações Unidas na Líbia (Manul) denunciou neste domingo as violações do embargo sobre as armas na Líbia, apesar dos compromissos assumidos em uma recente conferência internacional em Berlim.
A Manul “lamenta profundamente as violações flagrantes e persistentes do embargo sobre as armas”, objeto da resolução 1970 de 2011 do Conselho de Segurança, “apesar dos compromissos dos países envolvidos na conferência internacional sobre a Líbia em Berlim, em 19 de janeiro”, afirma em comunicado.
Entre os principais compromissos assumidos pelos participantes desta conferência internacional estava o fim da entrega de armas aos poderes rivais, o Governo de União (GNA) em Trípoli e o marechal Khalifa Haftar, homem forte do leste líbio.
Em Berlim, as partes presentes, incluindo a Turquia, que apoia o GNA, também se comprometeram a abster-se de qualquer interferência nos assuntos líbios e de qualquer ato que possa exacerbar o conflito, como o financiamento ou recrutamento de mercenários.
O marechal Haftar, que é apoiado pela Rússia, Emirados Árabes Unidos e Egito, lançou em 4 de abril uma ofensiva para tomar a capital Trípoli, sede do GNA, reconhecido pela ONU.
Um cessar-fogo foi estabelecido em 12 de janeiro por iniciativa de Moscou e Ancara.
Apesar das acusações recíprocas e de alguns combates relatados, a trégua tem sido respeitada no geral, segundo a ONU, o que representa “um descanso bem-vindo aos habitantes da capital”.
“Esta trégua frágil está hoje ameaçada pelo envio de combatentes estrangeiros, armas, munições e sistemas avançados para as partes pelos Estados membros, muitos dos quais participaram da Conferência de Berlim”, disse a Manul, sem identificar esses países.
Segundo a ONU, essas cargas pousaram em aeroportos no oeste e leste do país nos últimos dez dias para entregar aos beligerantes “armas avançadas, veículos blindados, conselheiros e combatentes”.
Essas “violações em curso” ameaçam mergulhar o país de volta em “uma nova espiral de intensos combates”, alertou a Manul.
No sábado, os confrontos em Trípoli deixaram pelo menos um civil (marroquino) morto e sete feridos entre civis.