O Reino Unido advertiu o Conselho de Segurança das Nações Unidas, nesta quinta-feira (29), que metade da população de Mianmar, país sob uma ditadura militar, pode ser infectada pela covid-19 nas próximas duas semanas.

A reunião foi convocada pelo Reino Unido em resposta ao que chamou de uma situação “terrível” do coronavírus em Mianmar, onde as infecções “dispararam” desde fevereiro, quando o Exército assumiu o controle da nação de 54 milhões de pessoas.

Assim, Londres instou o Conselho a garantir que seja respeitada a resolução 2565 do órgão, que exige o respeito ao cessar-fogo em zonas de conflito para permitir a entrega segura de vacinas contra o vírus.

“É vital que consideremos como implementá-la”, disse a embaixadora britânica Barbara Woodward.

O empobrecido país asiático está em crise desde que a junta militar assumiu o poder, com muitos hospitais mal equipados para lidar com um número crescente de casos, enquanto muitos profissionais de saúde se retiraram em protesto contra o golpe.

A ONU estima que apenas 40% das instalações de atenção médica de Mianmar estão aptas a funcionar.

A organização também estima que as forças da junta realizaram pelo menos 260 ataques contra equipes e instalações de saúde, prendendo pelo menos 67 funcionários.

“Com a nova onda de covid-19 se espalhando como um incêndio por todo o país, é lamentável que mais vidas estejam sendo perdidas enquanto os militares birmaneses usam a covid-19 como arma contra o povo”, declarou a porta-voz do chamado governo da Unidade Nacional, Susanna Hla Hla Soe.

Quase 5 mil novos casos de covid-19 foram relatados na quarta-feira, em comparação com os 50 por dia no início de maio, mas analistas dizem que o número real provavelmente é muito maior.