Cerca de cinquenta organizações não-governamentais criticaram, nesta quinta-feira (9), a “política de confinamento” dos solicitantes de asilo nos acampamentos na Grécia, um ano após o incêndio em Moria na ilha de Lesbos.

A Grécia segue “uma política nefasta voltada para o confinamento dos solicitantes de asilo e dos refugiados”, denunciam as ONG signatárias de um fórum comum, entre as quais estão Anistia Internacional, Human Rights 360 e o Conselho Grego para os Refugiados.

“Com o apoio financeiro e técnico da Comissão Europeia, as autoridades gregas constroem cercas e muros ao redor de uma dúzia de acampamentos existentes, assim como outros locais fechados em lugares remotos das ilhas do Egeu”, apontam em um comunicado emitido nesta quinta-feira, com motivo do primeiro aniversário da destruição de Moria.

Na ilha grega de Lesbos, o acampamento de Moria ficou completamente destruído pelas chamas em 9 de setembro de 2020, após dois incêndios sucessivos.

Mais de 12.000 pessoas que ficaram sem casa foram realocadas às pressas em um acampamento provisório.

Em 30 de março de 2021, a comissária europeia de Assuntos do Interior, Ylva Johansson, anunciou em Lesbos uma alocação de 276 milhões de euros (326,5 milhões de dólares) de fundos europeus à Grécia para novos centros de acolhida de imigrantes em cinco ilhas do mar Egeu frente à Turquia, entre elas Lesbos.

O novo acampamento de Lesbos deveria ser entregue antes do inverno boreal, mas as obras ainda não começaram. O de Samos abrirá no final de setembro.

Esses novos centros, cujos acessos e saídas estarão fechados e serão controlados, “impedirão identificar eficazmente as pessoas vulneráveis, limitarão o acesso dos solicitantes de asilo aos serviços e amplificarão o efeito nefasto do confinamento sobre a saúde mental das pessoas”, destacam as ONGs.

Atenas se parabeniza pelo descongestionamento significativo dos acampamentos nas ilhas. Em Lesbos, restam apenas 3.752 migrantes, segundo os dados oficiais, contra quase 13.000 há um ano.