Uma coalizão de 230 organizações ambientais e empresas brasileiras do ramo do agronegócio querem que o país recupere a liderança no combate às mudanças climáticas e pediu ao governo que apresente metas “mais ambiciosas” na cúpula mundial do clima, de 22 a 23 de abril.

A Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que também reúne representantes do setor financeiro e do mundo acadêmico, enviou uma carta ao governo de Jair Bolsonaro pedindo um maior compromisso com a redução dos gases de efeito estufa e medidas eficazes contra o desmatamento ilegal, que alcançou números preocupantes durante o atual governo.

“O Brasil é considerado um país-chave nos esforços globais para o equilíbrio climático do planeta. E já provou do que é capaz. Entre 2004 e 2012, o Brasil fez a maior redução de emissões de gases de efeitos estufa (GEE) já registrada por um único país, ao reduzir em 80% sua taxa de desmatamento”, afirmou a coalizão em um comunicado.

“O desmatamento é responsável por 40% das emissões do país”, acrescentou o grupo.

Desde 2012, quando atingiu seu mínimo histórico (4.100 km2), a exploração madeireira na maior floresta do planeta vem aumentando.

Em 2019 e 2020, coincidindo com os primeiros dois anos do mandato de Bolsonaro, foram de 10.700 km2 e 9.800 km2, respectivamente, os níveis mais altos de desmatamento desde 2008, de acordo com dados oficiais.

A coalizão promove a produção agrícola e florestal sustentável e afirma que o Brasil pode “evitar futuras e trágicas pandemias como as que vivemos, fruto de zoonoses decorrentes da destruição de ecossistemas”.

Os signatários incluem o World Wide Fund for Nature (WWF) e o Imazon, assim como o maior produtor de carne do mundo, JBS, e grandes comerciantes de grãos, como Cargill e Amaggi.

O presidente Bolsonaro defende a exploração comercial e energética da Amazônia, considera as ONGs como sendo um “câncer” e acusa outros países de quererem se apoderar das riquezas naturais do país.

A cúpula virtual sobre o clima, convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prevê a participação de líderes de cerca de 40 países e terá como objetivo marcar o retorno de Washington à linha de frente da luta contra as mudanças climáticas, após o governo de Donald Trump abandonar o Acordo de Paris.

Este acordo tem como objetivo limitar o aquecimento global a 2ºC acima dos níveis pré-industriais e continuar os esforços para chegar a 1,5ºC.

A chegada de Biden aumentou a pressão sobre a política ambiental brasileira, essa que também atrasa a ratificação do acordo comercial assinado no ano passado entre a União Europeia e o Mercosul, por causa da resistência de vários países europeus.