05/02/2021 - 19:12
O planeta deve unir forças para alcançar um desenvolvimento “massivo” de vacinas contra o coronavírus, solicitou nesta sexta-feira (5) o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, enquanto os Estados Unidos anunciam uma redução de 61% nas novas infecções no último mês.
Esta tendência decrescente nos casos de covid-19 segue o padrão global, mas o impacto das novas variantes do vírus é muito desigual dependendo das regiões e dos países.
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A situação de saúde está “longe de estar sob controle” na Alemanha, justamente por causa dessas variantes, alertou o diretor do instituto Robert Koch, Lothar Wieler.
E na Europa, além disso, a situação é tensa devido ao lento gotejamento das doses das vacinas, que todos os países do bloco exigem, e que os fabricantes não têm condições de atender devido aos seus múltiplos compromissos.
Atualmente, cerca de 120 milhões de doses de vacinas foram injetadas em todo o mundo em cerca de 82 países e territórios, a enorme maioria distribuída entre países de renda alta e média.
De acordo com a última contagem da AFP a partir de fontes oficiais, a pandemia causou pelo menos 2,28 milhões de mortes e mais de 104 milhões de infecções.
– Unir-se para produzir em massa –
Para não perder o terreno conquistado nas últimas semanas, é necessário “um desenvolvimento massivo das capacidades de produção”, disse Ghebreyesus.
“Os fabricantes podem fazer mais – eles receberam um financiamento público significativo, e encorajamos todos eles a compartilhar dados e tecnologias para ajudar no acesso equitativo às vacinas em todo o mundo”.
As cifras envolvidas são gigantescas. A Pfizer estima que o faturamento de sua vacina contra a covid-19 chegará a 15 bilhões de dólares em 2021.
As farmacêuticas já anunciaram iniciativas conjuntas, mas a situação na Europa, onde cada vez mais circulam novas variantes do vírus, tem gerado tensões políticas, porque apesar dos investimentos, as doses não chegam com rapidez.
A União Europeia esteve muito menos envolvida do que outros concorrentes na produção das vacinas, como fizeram os Estados Unidos e o Reino Unido. Essa simples postura de “cliente” continua a prejudicar suas opções para acelerar a vacinação, criticam os especialistas.
O laboratório alemão de biotecnologia CureVac anunciou justamente um acordo com o governo britânico para avaliar as variantes do vírus e criar possíveis injetáveis contra os selecionados.
“Sob este acordo, a CureVac deve fornecer 50 milhões de doses de vacinas variantes para o Reino Unido” após a aprovação regulatória, disse a empresa.
– “Compartilhar vacinas” –
Ao mesmo tempo, os chefes de governo da Áustria, República Tcheca, Dinamarca e Grécia expressaram preocupação com a fabricação da vacina do laboratório Johnson & Johnson, nos Estados Unidos.
Esta vacina é muito esperada porque tem duas vantagens importantes sobre as já aprovadas: pode ser armazenada em temperaturas mais amenas e requer apenas uma dose.
A vacina da Johnson & Johnson aguarda a luz verde da Agência Americana de Medicamentos(FDA). Se bem-sucedida, seria a terceira autorizada no país, depois de Pfizer/BioNTech e Moderna.
Precisamente nos Estados Unidos, os últimos dados oficiais de 3 de fevereiro mostraram que as novas infecções diárias caíram para aproximadamente 121.000, enquanto as hospitalizações caíram quase 42% e a taxa de mortalidade parece estar diminuindo.
Em todo caso, as internações e mortes continuam muito altas para a capacidade do sistema de saúde.
O exército enviará 1.110 soldados para reforçar a campanha de vacinação e o presidente Joe Biden pediu agilidade ao Congresso para a aprovação de um plano de estímulo da economia no valor de 1,9 trilhão de dólares.
“Vejo muito sofrimento neste país, muita gente sem trabalho, muita gente com fome”, disse Biden.
– Falta de oxigênio na América Latina –
A América Latina e o Caribe é a segunda região mais afetada pelo coronavírus, atrás da Europa, com 610.000 mortes e 19,3 milhões de infecções.
A cidade do Rio de Janeiro, líder em mortes por coronavírus no Brasil, proibiu qualquer festa de rua nas sextas-feiras, bem como as vendas nas ruas durante o carnaval, sob pena de um ano de prisão.
O gabinete do prefeito já havia cancelado os desfiles oficiais do carnaval.
Os milhões de latino-americanos doentes da região também sofrem de um grave problema: a dificuldade de acesso ao oxigênio medicinal.
“Meu pai tem covid, tem 50 anos e precisa de oxigênio, sua saturação é muito baixa”, disse à AFP Yamil Antonio Suca, estudante de 20 anos, em um centro de distribuição em El Callao, porto próximo a Lima.
No Peru, país proporcionalmente mais afetado da América Latina pela pandemia, com 125 mortes por 100 mil habitantes, foi confirmada a presença da variante brasileira do vírus em três regiões, entre elas Lima, o que explicaria o aumento das infecções nas últimas semanas.
A Espanha também anunciou o primeiro caso da variante brasileira nesta sexta-feira. Pelo menos dois casos da variante sul-africana foram relatados recentemente.
Com 1,2 milhão de habitantes, Cuba registra um aumento de casos, mas o balanço continua bom em comparação com outros países da região, com 220 mortes e menos de 30.000 contágios.
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