A Organização Mundial da Saúde defendeu nesta terça-feira (4) o respeito e cumprimento dos protocolos e regulamentos em vigor no desenvolvimento de uma vacina contra a COVID-19, depois que a Rússia prometeu “milhões” de doses no início de 2021.

“Qualquer vacina e qualquer medicamento para esse fim deve, é claro, ser submetido a todos os diferentes ensaios e testes antes de ser homologado”, declarou o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, quando questionado sobre o anúncio russo durante uma coletiva de imprensa virtual.

“Existem linhas diretrizes e diretrizes claras, regulamentos que servem para fazer com que as coisas avancem de maneira segura e eficaz”, insistiu.

“Às vezes, pesquisadores individuais afirmam ter encontrado algo, o que, é claro, é uma excelente notícia. Mas entre encontrar ou ter a possibilidade de desenvolver uma vacina que funcione e ter passado por todas as etapas, existe uma grande diferença”, afirmou, ressaltando que a OMS até agora “não viu nada oficial”.

A Rússia anunciou na segunda-feira que três empresas biomédicas estariam capacitadas para produzir, a partir de setembro e de maneira industrial, uma vacina desenvolvida pelo laboratório de pesquisa em epidemiologia e microbiologia Nikolai Gamaleïa.

“De acordo com estimativas iniciais (…), poderemos fornecer várias centenas de milhares de doses de vacina por mês a partir deste ano e, posteriormente, até várias milhões de doses no início do próximo ano”, declarou o ministro russo do Comércio, Denis Mantourov, à agência pública de notícias TASS.

O ministério da Defesa russo, que colabora com o centro Gamaleïa, disse que os ensaios clínicos realizados em militares “mostraram claramente uma aparente resposta imune” ao novo coronavírus “sem apresentar efeitos colaterais ou anormalidades”.

Pesquisadores, no entanto, expressaram preocupação com a velocidade do desenvolvimento das vacinas russas, considerando que certas etapas poderiam ter sido ignoradas para acelerar o trabalho sob pressão das autoridades.

A OMS, por outro lado, insiste na necessidade de seguir as regras para o “desenvolvimento seguro de uma vacina, para garantir a clareza de como a vacina trabalha, a quem ela pode ajudar e, é claro, se apresenta efeitos colaterais negativos, e se tais efeitos colaterais são mais importantes que o benefício real”.

A corrida para encontrar uma vacina ocorre em todo o planeta, com 26 candidatas a vacina atualmente em fase de ensaios clínicos (testadas em seres humanos) e 139 em avaliação pré-clínica, de acordo com dados da OMS.