Uma missão da Organização Mundial de Saúde (OMS) chegou à China nesta quinta-feira(14) para investigar as origens da pandemia, enquanto seu comitê de emergência se reuniu em Genebra para analisar as novas variantes do coronavírus, que preocupam as autoridades de todo o mundo.

Como em quase todo o planeta, o ressurgimento do vírus atinge também a China, que anunciou nesta quinta-feira a primeira morte por covid-19 desde maio passado, apesar de parecer ter erradicado a pandemia.

A morte ocorreu na província de Hebei, na fronteira com Pequim, onde as autoridades confinaram vários milhões de pessoas de diferentes cidades nestes dias, após o surgimento de novos focos.

As autoridades de saúde chinesas anunciaram 138 novos casos em 24 horas, o maior balanço diário desde março passado.

A má notícia coincide com a chegada, nesta quinta-feira, a Wuhan, cidade do centro da China onde o vírus foi detectado pela primeira vez em dezembro de 2019, de uma equipe de especialistas da OMS para investigar a origem da epidemia.

Os membros desta missão devem respeitar duas semanas de quarentena. Dois de seus membros ainda estão bloqueados em Singapura para passar pelo teste para covid-19 novamente.

A visita é muito delicada para as autoridades chinesas, que querem se desvincular de qualquer responsabilidade nesta pandemia, que já custou quase dois milhões de vidas em todo o mundo.

Paralelamente, o comitê de emergência da OMS se reuniu com urgência nesta quinta-feira para analisar as mutações do vírus causador da covid-19, inicialmente detectado no Reino Unido e na África do Sul, que são especialmente contagiosas e se espalham rapidamente.

“Duas questões urgentes” centraram a reunião, segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus: “A primeira é o aparecimento recente de variantes do vírus SARS-CoV-2, e a segunda é o uso potencial de certificados de vacinação e de testes para viagens internacionais “.

As recomendações para a OMS e países membros estão programadas para serem divulgadas no final da reunião, provavelmente na sexta-feira.

A variante detectada inicialmente no Reino Unido já foi localizada em 50 países, e a África do Sul, em 20, segundo a OMS. A instituição afirma que esse balanço provavelmente está subestimado.

Outra mutação, originária da Amazônia brasileira, cuja descoberta foi anunciada pelo Japão no último domingo, está sendo analisada e pode ter impacto na resposta imunológica, afirma a OMS, que fala em uma “variante preocupante”.

– Nova onda mundial –

Diante do pior surto de casos e do pior balanço da Europa, com 85 mil mortes, o Reino Unido voltou a confinar sua população, em meio à propagação da variante do vírus muito mais contagiosa. Nas últimas 24 horas, o país registrou 1.564 óbitos, o pior resultado desde o início da pandemia.

Na Espanha, que registrou nesta quarta-feira 39 mil novos casos, a situação é de “risco extremo”, segundo a ministra da Política Territorial, Carolina Darias.

Portugal decretou um novo confinamento geral a partir de sexta-feira, após registrar, ontem, 10.500 novos casos em um único dia.

Na Itália, mergulhada em uma nova crise política, o governo anunciou a intenção de prorrogar o estado de emergência até 30 de abril.

Já na França, as autoridades vão anunciar novas medidas nesta quinta-feira para enfrentar o aumento das infecções (mais de 23.000 casos registrados quarta-feira) e a propagação da nova variante britânica.

A Alemanha (25.164 casos novos e 1.244 mortes nas últimas 24 horas, um recorde) poderá fazer o mesmo em breve: o Instituto Robert Koch, que monitora a situação epidemiológica, decidiu nesta quinta-feira por um aumento das restrições. Escolas, colégios, lojas não essenciais, bares e restaurantes já estão fechados no país.

Em Cuba, as autoridades impuseram o fechamento de escolas, bares e restaurantes em Havana, após suspender o toque de recolher noturno anunciado horas antes pela imprensa oficial.

No Peru, o governo comunicou ontem que reforçará as restrições à liberdade de movimento da população diante do aumento de novos casos diários de covid-19. Entre outras medidas, ampliará o horário do toque de recolher, para conter uma segunda onda da pandemia.

E, na Bolívia, o ex-presidente Evo Morales contraiu o vírus.

Na América Latina e no Caribe, o coronavírus já tirou mais de 539.000 vidas e causou mais de 16,8 milhões de infecções.

Na Ásia, as restrições também aumentaram no Japão e no Oriente Médio, o Líbano, já punido por uma severa crise financeira, começou um severo bloqueio nesta quinta-feira para conter infecções e aliviar hospitais saturados.

– Megacentro de vacinação –

Os Estados Unidos são o país mais atingido, com mais de 384.000 óbitos e pelo menos 23 milhões de casos.

As autoridades americanas anunciaram na quarta-feira que 10 milhões de pessoas foram vacinadas no país, o que representa mais de um terço das 28 milhões de doses administradas em 46 países, segundo a OMS. Ainda é, porém, pouco para conter a pandemia.

Na Califórnia, um dos principais focos do coronavírus, um “megacentro” de vacinação abriu suas portas ontem, em um estacionamento do famoso parque de diversões Disneylândia, em Anaheim. O local ficou fechado por dez meses, devido à pandemia.

Diante do avanço da pandemia, governos do mundo inteiro correm para comprar e administrar vacinas o mais rápido possível.

O Reino Unido quer lançar, “o mais rápido possível”, uma campanha de vacinação 24 horas por dia. A meta é que, até meados de fevereiro, as pessoas com mais de 70 anos e os profissionais de saúde – cerca de 15 milhões de pessoas – tenham recebido a vacina, somando os 2,4 milhões que foram imunizados desde 8 de dezembro.

A União Africana obteve 270 milhões de vacinas para o continente, onde a maioria dos países não tem meios para financiá-las, anunciou ontem a África do Sul, que detém a presidência rotativa da UA.

O Brasil anunciou ontem que dois milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Universidade de Oxford serão enviadas da Índia de avião para iniciar a vacinação da população antes do final de janeiro.

E no Equador, a Pfizer aumentará a primeira entrega de sua vacina de 50.000 para 86.000 doses, prevista para a próxima semana.

O Papa Francisco, 84, e o Papa Emérito Bento XVI, 93, foram vacinados contra a covid-19, anunciou o porta-voz da Santa Sé em nota nesta quinta-feira.

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