A variante Ômicron do coronavírus já preocupa diversos setores industriais sobre o impacto na cadeia global de suprimentos, sentida no Brasil e no mundo. A escassez de matérias-primas e o aumento no preço dos insumos já fazem as empresas reverem as estratégias comerciais para este ano, com a antecipação de compras e reforço em estoques.

A situação é agravada com o fechamento de fábricas em vários países, pela contaminação de funcionários e por lockdowns, sobretudo nas cidades portuárias chinesas: Xangai, Dalian, Tianjin e Shenzhen. A China abriga um terço da manufatura global.

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Em participação no Fórum Econômico Mundial nesta segunda-feira (17), o presidente da China, Xi Jinping, fez um apelo para garantir a cadeia global de suprimentos e evitar choques inflacionários.

“A indústria global e a cadeia de suprimentos foram interrompidas. Os preços das commodities seguem em alta. O fornecimento de energia continua apertado. Estes riscos se somam e aumentam a incerteza sobre a recuperação da economia”, disse Jinping, por vídeo.

Indústria brasileira em alerta

Segundo o jornal O Globo, a dificuldade já é sentida na indústria têxtil brasileira devido ao aumento na cotação internacional do algodão. Com oferta apertada e crescimento de demanda, o insumo alcançou patamar recorde na Bolsa de Mercadorias de Nova York, com o maior valor em uma década.

Mesmo que ainda não faltem insumos, a importação de produtos sintéticos, como fios de poliéster, fica sujeita à variação cambial e à desvalorização do real diante do dólar. Somada à dificuldade de fornecimento da cadeia de suprimentos, o efeito prático pode ser de um novo aumento de preços ou de escassez de produtos.

Ainda de acordo com o jornal, a Vulkan Brasil, empresa alemã de peças industriais, aumentou os estoques de matéria-prima em 20% para evitar escassez de insumos e aumento de preços.

Já na construção civil, o prazo de entrega de cerâmicas em obras chega atualmente a 120 dias – eram 30 antes da pandemia.

No setor automotivo, a crise de chips semicondutores segue afetando a produção das montadores. De acordo com estimativas da consultoria americana Auto Forecast Solutions, 10,2 milhões de veículos deixaram de ser produzidos em todo o mundo devido à escassez de semicondutores em 2021. No Brasil, a perda foi de 345,5 mil unidades. As dificuldades na oferta de produtos eletrônicos, que tiveram aumento enorme de demanda durante a pandemia, continuarão a ser sentidas neste ano.