O comércio internacional de mercadorias superou o nível anterior à pandemia, anunciou nesta segunda-feira (4) a Organização Mundial do Comércio (OMC), que elevou as projeções para 2021 e 2022, apesar das tensões nas redes de abastecimento.

De acordo com as novas estimativas da OMC, o volume de comércio mundial de mercadoria deve aumentar 10,8% em 2021 e 4,7% no próximo ano. Em março, a organização projetava altas de 8% e 4%, respectivamente.

O expressivo aumento do comércio de mercadorias em 2021 é parcialmente explicado pela queda no ano passado, quando o comércio teve um péssimo resultado no segundo trimestre.

De acordo com os economistas da OMC, o crescimento será moderado à medida que os negócios retornarem à tendência de longo prazo de antes da pandemia covid-19.

“As dificuldades relacionadas com a oferta, como a escassez de semicondutores e os atrasos nos portos, podem provocar tensões nas redes de abastecimento e afetar o comércio em determinadas esferas, mas é pouco provável que tenham consequências importantes nos agregados mundiais”, consideram.

– Riscos –

Em resumo, destaca a OMC, as previsões atuais se aproximam da hipótese otimista exposta nas últimas previsões comerciais. Porém, o risco do cenário pessimista predomina, devido sobretudo às dificuldades nas redes de abastecimento mundiais e a um possível novo surto de covid.

“O comércio foi um instrumento essencial para combater a pandemia, e este forte crescimento destaca a importância do comércio para sustentar a recuperação econômica global”, declarou a diretora geral da instituição, Ngozi Okonjo-Iweala.

A economista, no entanto, destaca uma grande diferença entre países, pois algumas regiões em desenvolvimento estão longe da média mundial.

As importações da Ásia, por exemplo, aumentarão 9,4% em 2021 na comparação com 2019, enquanto nos países menos desenvolvidos devem cair 1,6% no mesmo período.

No conjunto, a recuperação do comércio varia muito em função das regiões. Oriente Médio, América do Sul e África parecem seguir para uma retomada menor das exportações. Nas importações, Oriente Médio e África devem ter o ritmo mais lentos.

“O acesso desigual às vacinas está exacerbando a divergência econômica entre as diferentes regiões. Quanto mais tempo persistir a falta de equidade na vacinação, maior será a possibilidade de que surjam variantes mais perigosas da covid-19, o que reverterá os progressos em termos de saúde e economia registrados até o momento”, reiterou Ngozi Okonjo-Iweala.

Segundo a OMS. mais de 6 bilhões de doses de vacina anticovid foram aplicadas no mundo, “uma conquista notável, mas lamentavelmente ainda insuficiente, devido às citadas diferenças de acesso entre os países”.

Para a próxima conferência ministerial da organização, de 30 de novembro a 3 de dezembro, “os países membros devem se reunir e chegar a um acordo sobre uma resposta firme da OMC à pandemia, que estabeleça as bases para uma produção mais rápida das vacinas e uma distribuição equitativa”, disse a economista nigeriana.

“É necessário para sustentar a recuperação econômica mundial. As políticas relativas às vacinas são políticas econômicas e também comerciais”, insistiu.