Líder do governo no Senado Federal, Major Olimpio (PSL-SP), não tem esperança de que uma eventual aprovação no Congresso do crédito suplementar pedido pelo governo (PL4) virá com facilidade. Perguntado pelo Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, se o governo tem controle da votação marcada para esta terça-feira, 11, na Comissão Mista de Orçamento (CMO), ou mesmo uma estimativa de votos, o senador foi claro: “Eu te afirmo que não tem”.

“Tudo o que é possível de fazer em termo de gestão, de explicar a efetiva necessidade, do governo não ter outra alternativa, está colocado”, disse o senador, explicando que atua nos limites da articulação permitida pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Como o governo não fez o toma lá dá cá, como não fez a distribuição de ministério por partidos, a cada votação nós vamos ter que constituir uma base e, no convencimento, votar”, detalhou o parlamentar.

No Twitter, o presidente Bolsonaro tem alertado para o risco de suspensão de pagamentos de benefícios sociais e programas como o Plano Safra e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) se o Congresso não liberar o crédito extra de R$ 248,9 bilhões. A votação na CMO estava marcada para semana passada, mas não ocorreu por falta de quórum. A obstrução foi feita por partidos de oposição, como PT e PCdoB, mas também contou com a participação do PL, integrante do Centrão. “Pra que tanta obstrução? E muitas vezes de alguns ditos aliados…”, reclamou Major Olimpio.

Para o senador, a escolha do presidente por não formar uma base aliada no Congresso desenha um cenário futuro de grandes esforços para que o governo consiga aprovar matérias de seu interesse, dinâmica que deve perdurar até o fim do mandato. “A cada dia vai ser uma dor diferente. Eu não tenho dúvida de que isso vai ser o governo todo”, prevê o político.

Moro

Olimpio ainda minimizou o noticiário que envolve o ministro da Justiça, Sergio Moro, que teve supostas conversas com procuradores da Lava Jato vazadas pelo site The Intercept. O líder do governo no Senado disse que o conteúdo vazado “só me fez ter uma convicção: o Moro é até melhor do que eu imaginava” e argumenta que é preciso lembrar que membros do Judiciário e do Ministério Público “não são robôs, são gente de carne e osso” que se tornam amigos pela convivência. “Isso é natural, você não está influenciando ou invadindo competência constitucional ou competência judicial de quem quer que seja”.

Questionado se a situação atual de Moro pode prejudicar o andamento da reforma da Previdência, o senador disse que ela “não favorece, mas eu não sinto que atrapalhe” e que vai se reunir com Moro nesta terça-feira, quando devem tratar sobre o episódio.