O chamado corporate venture, em que empresas investem e se aproximam de startups, está na moda. A companhia mais recente a adotar essa estratégia é a Oi, operadora de telefonia em recuperação judicial com dívidas de R$ 65 bilhões.

Na quinta-feira 24, a Oi vai anunciar o Oito, seu hub de inovação e empreendedorismo, com apoio de empresas como Nokia, IBM, Oracle e Amazon, além do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e o CPqD. “Queremos trazer as startups para dentro do nosso ambiente”, disse Nuno Cadima, diretor de estratégia e novos negócios da Oi, em entrevista ao blog BASTIDORES DAS EMPRESAS.

O Oito, que ficará baseado em um prédio em Ipanema, no Rio de Janeiro e será inaugurado até o fim do ano, é baseado em três pilares. O primeiro deles é um espaço de coworking para startups. Há também um laboratório de inovação, em parceria com a Nokia, para pesquisas de projetos de internet das coisas. Por fim, a Oi irá selecionar seis projetos de empresas iniciantes para investir.

Cada uma das startups selecionadas ganhará um aporte de R$ 150 mil. Com isso, a Oi passará a deter uma participação minoritária de até 10% dessas empresas. “Apesar de termos participação, elas não terão exclusividade conosco”, afirma Cadima.

O edital de seleção das companhias, que será divulgada na quinta-feira, dará preferência para empresas nas áreas de internet das coisas, cidades inteligentes, serviços de saúde, serviços educacionais, publicidade móvel e soluções de eficiência e energia.

A estratégia da Oi não é exatamente uma novidade. Grandes empresas estão se aproximando de startups para voltar a respirar ares de inovação.

A rival Telefônica, por exemplo, conta com o Wayra. O Itaú criou o Cubo, um espaço de coworking em conjunto com o fundo de investimento Redpoint eVentures. O Bradesco conta com o InovaBRA, que seleciona startups ligadas ao negócio bancário e conta com um fundo para fazer aportes em empresas iniciantes. O Google conta com o Google Campus, em São Paulo.

A ideia de todos esses projetos é trazer de volta a inovação em grandes companhias, que acabam engessadas com processos lentos à medida que se tornaram muito grandes.  O caso da Oi não é diferente.

A empresa de telefonia quer ainda mostrar que, apesar de seu complexo processo de recuperação judicial, segue a vida. “Esse programa é um sinal de que a Oi olha para frente e para o seu futuro”, diz Cadima.

Apesar disso, a companhia parece ainda não ter conseguido resolver os problemas de sua recuperação judicial. Em setembro uma reunião de credores deve acontecer.

Um acordo entre credores e os atuais acionistas será fundamental para que a Oi, na verdade, tenha algum futuro.