Confirmado neste sábado, 21, como candidato do PSOL na corrida ao Palácio do Planalto, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos disse que, se eleito, seu primeiro compromisso será anular atos do governo do presidente Michel Temer.

Entre as medidas a serem revogadas, ele citou a reforma trabalhista, o regime fiscal que estabeleceu um teto aos gastos públicos e as concessões de áreas de exploração de petróleo a grupos estrangeiros. São medidas que, segundo ele, fazem parte de uma agenda não escolhida pelo povo e que foi implementada pelo o que chamou de “quadrilha” comandada por Temer.

A chapa liderada por Boulos, que tem a líder indígena Sônia Guajajara como vice, foi homologada na convenção nacional do PSOL realizada nesta tarde em um hotel no centro de São Paulo. A candidatura tem o Partido Comunista Brasileiro (PCB) como aliado e foi classificada pela deputada Luiza Erundina, presente na convenção, como a única chapa de esquerda do País.

Em seu primeiro discurso como candidato do PSOL, Boulos disse que a campanha não terá medo de defender temas como a legalização do aborto. Aclamado pelos militantes como o “presidente que faz ocupação”, adiantou ainda que seu programa de governo inclui a desapropriação de prédios abandonados e a reforma agrária. “O trabalhador pode morar em lugar bom também, e tem direito”.

Boulos sustentou ainda que sua campanha não aceita a prisão, que classificou como política, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Numa declaração que remete ao discurso que marcou a vitória de Lula na eleição presidencial de 2002, quando o petista disse que “a esperança venceu o medo”, o candidato do PSOL afirmou que a mensagem transmitida por sua campanha tem sido capaz de despertar a esperança de pessoas que não viam mais alternativa na política. “Não se avança em direitos sociais sem enfrentar privilégios do 1% parcela mais rica da população. Nossa candidatura tem lado, e é o lado dos 99%”, declarou Boulos.

Além de Erundina, os deputados Chico Alencar e Ivan Valente, assim como o deputado estadual Marcelo Freixo, estavam entre as lideranças do PSOL que participaram do ato, acompanhado também por sindicalistas e lideranças de movimentos sociais e indígenas. Os discursos proferidos no evento foram marcados por críticas à agenda reformista e ao “genocídio da população negra” por forças policiais, passando por temas como o desmatamento, bem como a defesa de bandeiras como a taxação de fortunas.

Quase todos lembraram também de Marielle Franco, vereadora do PSOL assinada a tiros na região central do Rio de Janeiro em março, junto com o motorista Anderson Pedro Mathias Gomes. Após quatro meses de investigação, a polícia ainda não chegou aos responsáveis pelo crime. Em homenagem à vereadora, girassóis foram distribuídos aos presentes.

Centrão

A aliança do pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, com partidos do chamado “Centrão” foi alvo de ataques dos deputados Chico Alencar e Ivan Valente. O primeiro acusou os tucanos de fazerem aliança com quem chamavam antes de “bandidos”.

Já Valente atacou o que chamou de “obsceno contorcionismo político” feito por Alckmin e disse que o partido do ex-governador ajudou a viabilizar a “agenda mais retrógrada de todos os tempos”, referindo-se às medidas do governo Temer que tiveram apoio tucano no Congresso, como a reforma trabalhista.

Ao abordar o tema sem mencionar o nome de Alckmin, Boulos disse que o Centrão é a “turma do ex-deputado Eduardo Cunha”, ex-presidente da Câmara; “É a turma do ‘toma lá, dá cá’, do balcão de negócios … Não vamos negociar nenhum dos nossos princípios”.