O empresário Miguel Krigsner passou a vida fazendo experiências. Na juventude, aprendeu a transformar extratos vegetais em perfumes e colônias. Depois, fez de uma pequena botica em Curitiba uma rede de 1.988 lojas de alcance nacional. Também criou fórmulas híbridas de gestão ? misturando franquias, lojas próprias e representações ? e colocou a marca na América Latina, em Portugal e no Japão. Agora, o dono do Boticário prepara mais uma alquimia nos negócios. Até o final do ano, inaugura sua primeira loja na cidade de Dallas. ?Enfim, entraremos nos Estados Unidos?, diz Krigsner. Há dez anos, o empresário fracassou ao tentar entrar no mercado americano via Flórida. Sócios mal escolhidos e uma estratégia de marketing equivocada o levaram a uma aventura curtíssima. Resultado: um rombo de quase US$ 1 milhão. ?A fórmula estava errada?, explica o alquimista.

A idéia é disputar o mercado latino nos EUA. O universo cobiçado pelo empresário reúne cerca de 40 milhões de pessoas. A disputa no setor de cosméticos e perfumaria é das mais acirradas. Praticamente todas as marcas do mundo, pequenas ou grandes, já marcaram posição por lá e qualquer beliscão nesse competitivo nicho se transforma em uma grande conquista. ?Vamos fazer uma ampla campanha de marketing e oferecer preços atrativos?, afirma Krigsner. Se ele quer o mercado latino, surpreende o fato de ter escolhido o Texas em vez da Califórnia ou da Flórida. A justificativa é de que a cidade de Dallas é famosa por ser um excelente centro de distribuição para o mercado local. ?Além disso, é de lá que saiu a melhor proposta de parceria?, conta Krigsner.

Ele não revela o nome dos parceiros nem quanto está sendo gasto na empreitada. Diz apenas que nos próximos dois anos a empresa investirá R$ 15 milhões em expansão. A chegada aos EUA coincide com duas novas e complementares metas do empresário. A primeira delas é retirar de O Boticário a pecha de ?marca-para-se-dar-de-presente?. ?Temos de vender bem tanto no Dia das Mães ou dos Namorados quanto em meses frios?, afirma. Evitar a sazonalidade significa multiplicar o mix de produtos da empresa. Colônias e perfumes continuam respondendo pelo grosso das vendas, mas entra em campo uma linha de xampus, protetores solares, sabonetes e desodorantes. O Boticário, que em 2000 ultrapassou R$ 1 bilhão em faturamento, não pára de inventar.