Dois estudos publicados na semana passada mostram os perigos e as oportunidades da exploração do mar. O relatório Foresight Future of the Sea Report, produzido pelo governo britânico, aponta os desafios relacionados com a crescente poluição e a elevação do nível da água. Ao mesmo tempo, sob a liderança do consultor científico-chefe do Reino Unido, Mark Walport, a equipe responsável pela pesquisa ressalta a necessidade de se intensificar a exploração da economia do oceano, um conjunto de oportunidades que deve movimentar US$ 3 trilhões, nos próximos 12 anos, em atividades como biotecnologia e geração de energia offshore. “Os oceanos são críticos para nossa economia no futuro”, afirmou Edward Hill, um dos autores do trabalho, à agência de notícias BBC. “Nove bilhões de pessoas buscarão por mais comida nos oceanos, mas ainda sabemos muito pouco sobre o que há lá embaixo.”

Em outra frente, a revista científica Nature publicou uma informação alarmante: a “Grande Ilha de Plástico do Pacífico”, uma gigantesca concentração de plástico, descoberta no final dos anos 1990, que flutua pelo Oceano Pacífico, pode ser até 16 vezes maior do que se imaginava inicialmente. Estima-se que a “ilha” seja formada por 1,8 trilhão de pedaços de lixo, que incluem desde micropartículas de objetos em decomposição até peças de videogames, capacetes e tampas de privadas.

Os cientistas já consideram inviável limpar as mais de 87 mil toneladas de sujeira usando métodos convencionais, como redes. Para piorar, segundo o relatório do governo britânico, a presença de plástico nas águas pode triplicar, até 2025. Nesse ritmo, toda a indústria de pesca, por exemplo, pode ser inviabilizada. Os cientistas alertam que proteger a biodiversidade marinha abre a possibilidade de explorar diversas riquezas, como reservas de metais, e, até mesmo, a cura para o câncer.

(Nota publicada na Edição 1063 da Revista Dinheiro)