escrito por W. Chan Kim e Renée Mauborgne em 2005, o livro A Estratégia do Oceano Azul ensina como investir em mercados inexplorados. Pois é exatamente o que a Louis Vuitton tem feito no Japão desde 1918, quando abriu sua primeira maison em Tóquio. Na década de 1980, quando o potencial de consumo de intens de luxo disparou no país, a grife adquiriu um prédio de sete andares na capital. Reinagurado como flagship no dia 20 de março, o edifício ganhou uma fachada cintilante que simula as ondas do mar, como se materializasse o movimento da água. Seu interior reproduz águas-vivas gigantes que flutuam nos ambientes, pontuados por balcões curvos, escadas em espiral e móveis arredondados. É a materialização do oceano azul em uma flagship — a segunda da grife no Japão, que abriu a primeira em Osaka.

Nos sete andares estão distribuídos acessórios de couro, joias, perfumes e peças de vestuário masculino e feminino, além de um pavimento inteiro dedicado a clientes VIP. O topo foi reservado para a segunda unidade global do Le Cafe V, onde será lançada uma surpreendente extensão da marca: os chocolates criados pelo chef japonês Yosuke Suga.

INSPIRAÇÃO MARíTIMA A fachada do prédio faz referência ao movimento das ondas do mar. No topo, a loja terá o segundo Le Cafe V. Presença da marca no Japão data de 1918. (Crédito:Divulgação)

OLIMPÍADA Se parece ousado abrir uma loja desse porte em plena pandemia, a Louis Vuitton tem bons motivos para isso. O primeiro é que a reforma do prédio começou há três anos. O segundo: a Ásia tem se recuperado rapidamente dos efeitos da crise sanitária e, com isso, as marcas de luxo seguem cautelosamente otimistas quanto ao retorno de seus investimentos ainda em 2021. Mas, acima de tudo, pesa o fato de o Japão ser um dos países mais interessantes para conquistar consumidores em busca de novidades. Japoneses amam comprar, são exigentes e pagam mais por qualidade.

Nos últimos anos, o varejo local assistiu a uma série de inaugurações de grandes marcas, parte delas impulsionada originalmente pela realização dos Jogos Olímpicos. O luxuoso bairro de Ginza, onde fica a Louis Vuitton, foi escolhido para sediar lojas da grife italiana Loro Piana e das relojoarias Zenith e Hublot, todas em edifícios imponentes. O Japão, inclusive, segue como maior mercado global para as duas grifes de relógios, que não dependem do fluxo turístico — apenas 5% das vendas são provenientes da clientela estrangeira. Mesmo com vendas pelo e-commerce estimadas em U$ 177,5 bilhões anuais pelo banco JP Morgan, é a experiência física com as marcas que fascina o abastado consumidor japonês. E quem souber surfar nessa onda levará a melhor.