Carreatas, visitas a regiões menos favorecidas e a famosa foto com uma criança carente no colo. Showmícios que reuniam multidões, distribuições de santinhos, boca de urna e até mesmo a degustação de pratos típicos pouco amigáveis a paladares mais exigentes. Para atrair votos, até pouco tempo, as campanhas lançavam mão de toda gama de artifícios, muitos deles, pouco “republicanos”. Mas no calendário eleitoral brasileiro, o grande palco para convencer os eleitores sempre foi a TV. Agora, no entanto, os aparelhos que muitas vezes ajudaram a definir a sorte de candidatos vão ganhar, definitivamente, a companhia de novas telas.

As eleições de 2018 serão as mais digitais de toda a história do País. Nesse contexto, as gigantes de tecnologia como Facebook, Google e Twitter estão olhando com lupa o pleito no País. E estão desenvolvendo estratégias específicas para garantir a transparência das informações publicadas em suas plataformas. “Pelo seu tamanho e por sua propensão ao uso de tecnologia, o Brasil tem tudo para ser um grande case global da influência digital em uma eleição”, diz André Miceli, especialista em sociedade digital. “Muitos querem tirar lições desse processo, especialmente no que diz respeito à legislação, regulação e o uso ético dos dados”, afirma Marco Aurélio Ruediger, da diretoria de análise de políticas públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV DAPP).

Mark Zuckerberg, do Facebook: “Nós nunca mais vamos estar despreparados para isso novamente”, disse em referência aos problemas enfrentados pela plataforma nas eleições dos EUA (Crédito:Alex Wong/Getty Images/AFP )

Não são poucos os números que colocam a eleição brasileira sob os holofotes. Com 127 milhões de usuários ativos, o País é um dos principais mercados do Facebook. Há quatro anos, essa base incluía pouco mais de 80 milhões de pessoas. Em 2011, quando a rede social desembarcou por aqui, eram 10 milhões. Com 235 milhões de linhas de celulares ativas, os brasileiros também figuram entre os que mais adotam o WhatsApp, usado por cerca de 120 milhões de pessoas, contra 38 milhões, em 2014. “Essa eleição vai ser móvel e, principalmente, via WhatsApp”, afirma Mauricio Moura, presidente da consultoria Ideia Big Data, especializada em marketing político. Ao mesmo tempo, outros componentes diferem a eleição brasileira de pleitos recentes, também realizados em ambientes com forte influência digital, como a disputa nos Estados Unidos e o referendo do Brexit, no Reino Unido. “Ao contrário dessas votações, nas quais as alternativas foram binárias, no Brasil, há diversas opções em termos de candidatos e correntes políticas”, diz Miceli. Essa amplitude abre mais espaço para testar o poder de fogo das estratégias digitais nos processos eleitorais. Para o bem e para o mal.

O Facebook talvez seja a empresa que melhor saiba os perigos dessa relação. Depois de divulgar, na quarta-feira 25, seus resultados referentes ao período de abril a junho, a empresa chegou a perder, em um dia, US$ 119 bilhões em valor de mercado. A queda substancial refletiu os impactos do primeiro trimestre completo da companhia após o escândalo do uso indevido dos dados de 78 milhões de usuários da rede social pela Cambridge Analytica, nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, em 2016, e no referendo do Brexit.

O Facebook também foi duramente criticado por não conseguir impedir que conteúdos falsos fossem publicados livremente na plataforma durante as eleições americanas, que culminaram na vitória do candidato republicano Donald Trump. Uma pesquisa feita pela The National Bureau of Economic Research apontou que, somente nos três meses anteriores às votações, fake news favorecendo Trump foram compartilhadas 30 milhões de vezes na rede social, contra 8 milhões de compartilhamentos de conteúdo fraudulento em prol da candidata democrata Hillary Clinton. “Nós nunca mais vamos estar despreparados para isso”, prometeu Zuckerberg em evento realizado nos Estados Unidos, em maio deste ano, sinalizando que a empresa não está disposta a repetir os seus erros e pagar o preço por isso.

Fake news: um estudo realizado no ano passado apontou que 30 milhões de artigos falsos foram compartilhados no Facebook em apoio à candidatura do republicano Donald Trump (Crédito:Joe Raedle/Getty Images/AFP)

As eleições brasileiras são uma grande oportunidade para que esse discurso seja colocado em prática. E, ao que tudo indica, a promessa começou a ser cumprida nesta semana. Na quarta-feira 25, o Facebook tirou do ar 196 páginas e 87 perfis brasileiros que “violavam as políticas de autenticidade” da plataforma. De acordo com a empresa, eram “páginas e perfis que faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”. Conforme apurado pela DINHEIRO, a ação foi o resultado de uma investigação conduzida pela própria empresa, que durou meses e levou em consideração, entre outros pontos, as denúncias feitas pelos próprios usuários da plataforma.

Entre as vítimas da faxina virtual estava a página “Movimento Brasil 200”, que tinha mais de 380 mil seguidores usada pelo ex-postulante à presidência Flávio Rocha (PRB). “É inaceitável. Nem no tempo da ditadura se verificava tamanho absurdo”, escreveu, no Twitter, o empresário, sócio da varejista de moda Riachuelo. A página também apoiava a candidatura a deputado federal de Gabriel Kanner (PRB-SP), sobrinho de Rocha e um dos idealizadores do Brasil 200. “O Facebook é claramente uma empresa de esquerda, assim como várias empresas do Vale do Silício são”, disse Kanner ao ser perguntado se a atitude do Facebook foi uma ação política para enfraquecer um lado na disputa eleitoral. Como resposta, o movimento pretende ingressar uma ação legal contra a empresa americana.

Quem também se movimentou nesse sentido foi o Movimento Brasil Livre (MBL). A organização teve algumas de suas páginas removidas, como a Jornalivre, que tinha 128 mil seguidores. “O Facebook censurou páginas liberais e conservadoras”, disse Kim Kataguiri, um dos líderes do MBL, em vídeo publicado na própria página do movimento na rede social. “O grande problema é que eles não apontaram qual desinformação as páginas espalharam.” O MBL está tomando ações legais para reaver o controle das páginas removidas. Isso, porém, pode não ter efeito. Conforme apurou a DINHEIRO, elas não foram suspensas por tempo indeterminado da plataforma, mas apagadas permanentemente. O Facebook também pode ter a sua própria Comissão Parlamentar de Inquérito. O deputado federal Jerônimo Goergen (PP/RS) propôs a criação de uma CPI para investigar por que a empresa americana apagou as páginas na rede social.

A medida adotada pelo Facebook pode ser questionável, mas era necessária diante de tantas informações falsas que circulavam na rede. E essa não foi a única atitude. Na terça-feira 24, a empresa apresentou recursos para tornar as propagadas políticas no site mais transparentes. A partir de 31 de julho, todas as publicações impulsionadas financeiramente para atingir uma quantidade maior de internautas exibirão o nome de seu patrocinador, o número de CPF e o valor que foi gasto para intensificar o alcance daquela postagem. Esse tipo de conteúdo também será marcado com um selo especial, que o classificará como propaganda eleitoral, e ficará armazenado por sete anos em uma biblioteca de anúncios políticos disponível dentro do Facebook. A empresa não revelou qual é a expectativa para a adoção do recurso pelos candidatos. “É algo difícil de medir porque nunca houve esse tipo de anúncio no Brasil”, disse Katie Harbath, diretora global de engajamento com políticas e governos do Facebook. “Cada país e cada eleitor reage de uma maneira diferente.”

A companhia de Zuckeberg não se esquece da importância do WhatsApp neste contexto. Comprado por US$ 22 bilhões em 2014, o aplicativo é de longe o principal disseminador de conteúdo falso no Brasil. Entre janeiro e março deste ano, 8,8 milhões de pessoas foram impactadas por notícias inverídicas, de acordo com uma estimativa feita pela empresa de segurança digital PSafe. Em 95,7% das vezes, esses artigos foram transmitidos pelo aplicativo. Na semana passada, a empresa começou a realizar testes para tentar reduzir esse número. Agora, as mensagens só poderão ser encaminhadas automaticamente para 20 conversas individuais ou em grupo no aplicativo.

Antes, era possível encaminhar uma mensagem para 250 conversas diferentes. Outra medida adotada foi incorporar uma etiqueta que informa que às mensagens enviadas em uma conversa na verdade foram encaminhadas de outra conversação. A importância dessas ações é justificada, especialmente no País. “Enquanto os americanos mal sabem o que é o WhatsApp, no Brasil, o aplicativo certamente terá um papel importante nessa eleição”, afirma Arick Wierson, marqueteiro americano que trabalhou em campanhas do ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg. “O WhatsApp é mais ‘íntimo’ e reproduz, mais que outras mídias, a interação social tradicional que conhecemos, baseada em relações de confiança”, diz Luciana Veiga, cientista política da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Jack Dorsey, do Twitter: “Não estamos orgulhosos como as pessoas têm tirado vantagem de nossos serviços” (Crédito:Rolf Vennenbernd/dpa)

As novas políticas não estão restritas às empresas de Zuckerberg. No comando da maior plataforma de vídeos da internet, o Google também olha para as eleições brasileiras com atenção. Pelo menos dois debates presidenciais, organizados por jornais, revistas e emissoras de televisão, serão transmitidos ao vivo no YouTube. Outra iniciativa de destaque está relacionada ao próprio coração da empresa de Mountain View, seu buscador online. Ao pesquisar sobre um determinado candidato na corrida presidencial, o Google vai exibir um painel com informações sobre as três prioridades do plano de governo do determinado postulante ao cargo público. “Nossa missão é organizar as informações do mundo e torná-las universalmente acessíveis e úteis”, informou a empresa em comunicado.

Já no Twitter, que não vai permitir impulsionar publicações que façam campanha política, a grande preocupação é com o uso de robôs para gerar conteúdo partidário. No começo de julho, um estudo do instituto InternetLab apontou que grande parte dos seguidores dos principais candidatos à presidência eram robôs. Dos 680 mil seguidores do presidenciável e senador Álvaro Dias (Podemos) no microblog, 410 mil (60%) eram bots. Jair Bolsonaro (PSL) também era “acompanhado” por 400 mil (33%) robôs em seu perfil na rede social. Para tentar reduzir esse número, a empresa de Jack Dorsey chegou a suspender mais de 70 milhões de contas falsas da plataforma, um número expressivo visto que, em março, a rede social tinha 336 milhões de usuários globais registrados. Isso custou muito mais do que a diminuição na base de usuários da plataforma. No primeiro pregão após a medida, as ações da empresa do passarinho azul sofreram desvalorização de 10%. Atualmente a companhia está avaliada em US$ 33,1 bilhões. “Não estamos orgulhosos como as pessoas têm tirado vantagem de nossos serviços”, escreveu Dorsey, em março, no microblog.

Arick Wierson, marqueteiro: “Os americanos mal sabem o que é o Whatsapp, já, no Brasil, o aplicativo terá um papel essencial nas eleições” (Crédito:Divulgação)

O uso intensivo de robôs para influenciar os debates e a disseminação de notícias falsas traz prejuízos tanto para as redes sociais envolvidas como para o processo democrático em si. “A veiculação desse tipo de conteúdo e a desconstrução da imagem de adversários sempre existiu. Mas não em uma escala dessa magnitude”, diz Luciana, da Unirio. Um grande desafio nesse contexto é o controle e a regulação do que é propagado, dada a capilaridade e a velocidade próprias da internet. O cenário, no entanto, também traz aspectos positivos. A máxima de que “uma vez na rede, para sempre na rede”, é um desses componentes. “Antigamente, o candidato prometia qualquer coisa e essas palavras se perdiam. Agora, tudo o que ele disser deixa um rastro digital que, pouco a pouco, forma um acervo que pode ser cobrado por qualquer cidadão”, afirma Miceli.

CANDIDATOS DIGITAIS Em paralelo a essas análises, o cenário de quem estará de fato no páreo eleitoral deste ano começa a ficar mais claro. À medida que as coligações partidárias vão sendo estabelecidas, o tempo que cada candidato terá em mídias tradicionais também vai se definindo. À espera do início oficial da campanha, os concorrentes se preparam para invadir as TVs e colocar o pé na estrada. Na internet, no entanto, a largada para a disputa pelos votos já foi dada há muito tempo. Para os especialistas ouvidos pela DINHEIRO, os canais digitais, a princípio, ajudam a tornar a disputa mais justa e democrática. Quem tem menos tempo de TV, por exemplo, usará as redes para articular apoiadores e divulgar seus posicionamentos.

Já aqueles com maior exposição, também enxergam benefícios. “As redes sociais e a internet terão um papel cada vez mais preponderante, já que a campanha em TV e rádio só começa no dia 31 de agosto e será mais curta neste ano”, diz Geraldo Alckmin, candidato que, pelo andar das coligações, dominará as telas. Ele ressalta ainda que essas plataformas digitais são instrumentos importantes de participação. “Nós já recebemos mais de 600 contribuições para o programa de governo pela internet.” Nessa seara, um dos recursos que está sendo utilizado pela primeira vez na campanha do tucano é um assistente virtual. Na página oficial de Alckmin no Facebook, o robô é o elo para receber propostas e se comunicar com os apoiadores.

Outra frente da campanha de Alckmin são os treinamentos que estão sendo realizados com a militância do partido. Na estrada há cerca de três semanas, a “turnê” já envolveu mais de mil apoiadores e incluiu cidades como Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belém. Além de passar informações sobre as propostas para que, posteriormente, sejam replicadas nas redes de contatos dessas pessoas, a ideia é mobilizá-las para o combate à propagação de notícias falsas envolvendo Alckmin. “Vamos gerar links e materiais para que eles contraponham essas fake news”, diz Marcelo Vitorino, coordenador digital da campanha. “Guerra digital se vence no digital e não na TV.”

Entre os postulantes à presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL) é talvez aquele que apostou mais cedo nas estratégias digitais. O candidato tem nas mãos um verdadeiro “exército virtual”. Apenas no Facebook, são 5,4 milhões de seguidores. Baseado em números reais ou inflados, o fato é que o discurso do deputado encontrou eco nas redes sociais e em aplicativos como WhatsApp. Ele segue liderando as pesquisas eleitorais entre os nomes já confirmados para a votação deste ano. “Dois candidatos em particular, de extremos opostos, Bolsonaro e Manuela D’Ávila, estão sabendo usar esse meio para estabelecer uma ponte direta com seus eleitores em potencial”, diz Diogo Rais, professor de direito eleitoral da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Com um tempo provavelmente escasso na TV, as iniciativas de Manuela estão sendo fundamentadas nas redes sociais. “É o canal que nós temos. Toda a equipe está focada nessas plataformas”, afirma Marcelo Branco, um dos responsáveis por essas estratégias. As ações, ao que tudo indicam, estão gerando resultados. É o que mostra um levantamento da CrowdTangle, ferramenta pertencente ao Facebook que mede o grau de engajamento de seguidores de uma página. Nas pesquisas de intenção de voto, a candidata do PCdoB não supera a casa de 1%. Em contrapartida, no estudo, ficou em segundo lugar entre os nomes já confirmados na corrida eleitoral, atrás apenas de Bolsonaro, com 1,66 milhão de interações entre 4 de junho e 4 de julho, contra 2,78 milhões do candidato do PSL. “Nosso desafio é transferir esse prestígio para o plano dos votos”, diz Branco. Ele explica que a campanha, coordenada via WhatsApp, é centrada em vídeos, que abordam temas como as causas relacionadas às mulheres e ao público LGBT.

Flávio Rocha, da Riachuelo: “Nem no tempo da ditadura se verificava tamanho absurdo”, sobre a retirada da página do Movimento Brasil 200 (Crédito:Divulgação)

Outro nome que está colhendo bons frutos digitais é João Amoêdo (Novo), que figura na terceira posição na pesquisa da CrowdTangle, com 1,46 milhão de interações. O candidato ressalta que, desde o início, boa parte de seus esforços vem sendo direcionada à internet. “Hoje, as pessoas estão muito mais nas mídias sociais do que propriamente na televisão”, diz Amoêdo, cujo partido carrega como uma de suas bandeiras o fato de não usar financiamento público na campanha. “Com a redução das verbas de financiamento privado, a internet é uma forma barata e transparente de divulgar as ideias, e que abre a possibilidade de interação e participação das pessoas.”

Na contramão de seus pares, a campanha de Álvaro Dias (Podemos) ainda não está totalmente ativa na internet. A sua equipe, no entanto, está prestes a fechar a contratação de uma agência que ficará responsável por essas estratégias. A empresa em questão não começará o trabalho do zero. O candidato acumula uma base considerável de seguidores nos seus perfis oficiais em espaços como o Facebook e Twitter. Hoje, essas plataformas são usadas exclusivamente para divulgar o trabalho de Dias como senador. “Nós também acumulamos um banco de dados de números de WhatsApp com cerca de 50 mil pessoas”, diz Gustavo Castro, um dos membros da coordenação da campanha. Ele observa que os recursos digitais serão importantes como um instrumento complementar às mídias tradicionais. Mas enxerga com cautela a influência desses canais no pleito. “É fato que os algoritmos limitam as pessoas aos ambientes digitais que corroboram seus pensamentos e convicções. Acho pouco provável que um candidato consiga romper a bolha na qual ele está inserido.”

Kim Kataguiri, do MBL: “O Facebook censurou páginas liberais e conservadoras”, também sobre a retirada de 196 páginas da rede social (Crédito:Divulgação)

Entre os principais candidatos, a coordenação da campanha de Marina Silva (Rede) não comentou o tema até o fechamento desta reportagem. A assessoria de Ciro Gomes não retornou os pedidos de entrevista. Já no cenário de indefinições do processo, o Partido dos Trabalhadores (PT) segue apostando na candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso no prédio da Polícia Federal, em Curitiba, após condenação em segunda instância por crimes de corrupção. “Estamos em todas as plataformas. Essa será a corrida eleitoral mais digital que o Lula já participou”, diz José Chrispiniano, um dos assessores de Lula, que acrescenta: “Vamos registrar a candidatura no próximo dia 15. E seguir”, afirma ele, contando com a aprovação do registro no Tribunal Superior Eleitoral, algo muito difícil de acontecer.

ALTERNATIVA Fora das redes sociais, outra batalha digital travada pelos políticos é a arrecadação de verba por meio de plataformas online de financiamento coletivo. Graças às mudanças nas regras de captação da campanha, que estabelece limite de até R$ 70 milhões para campanhas presidenciais (no primeiro turno). A ideia é reduzir o montante de US$ 5,1 bilhões gasto pelos presidenciáveis na corrida eleitoral de 2014. A medida também visa impedir que haja uma troca indireta de favores envolvendo empresas e governos. Entre os maiores doadores para as campanhas presidenciais dos candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) estavam empresas de construção civil, como Odebretch, a Camargo Corrêa e a OAS, alvos da Operação Lava Jato.

Alternativa de sucesso durante a primeira campanha presidencial de Barack Obama, nos Estados Unidos, as vaquinhas online vêm ganhando espaço no País. “Não é uma aposta em um candidato”, explica Felipe Caruso, da consultoria de crowdfunding Bando, que está auxiliando a arrecadação de recursos pela campanha da presidenciável Marina Silva, que já captou R$ 141 mil. “É o sentimento de fazer parte da campanha.” Uma das campanhas que se destacam é a de João Amoedo. O político do Novo acumula doações de R$ 265 mil. Pelas regras de financiamento virtual, os candidatos poderão receber doações de apenas R$ 1.064 por contribuinte por dia. Caso algum pré-candidato desista da disputa, o dinheiro poderá ser devolvido integralmente aos apoiadores digitais.