Não são poucos os que reconhecem o mineiro Rubens Menin como um construtor de mãos cheias e calibradas. Hoje, Um em cada 200 brasileiros mora em um imóvel construído pela MRV Engenharia. A cada dois minutos e meio, a chave de um novo apartamento é entregue pela empresa a uma família no Brasil. Fundada há quatro décadas por Menin, a incorporadora é a realização de um bem maior do empresário: levar moradias populares à parte mais necessitada da pirâmide social. E ela está conseguindo. Atualmente, a MRV é tida como a maior construtora da América Latina, com valor de mercado estimado em aproximadamente R$ 8 bilhões. Mas o empresário quer mais. Aos 63 anos, Menin prepara a empresa para expandir sua atuação. Líder no mercado de imóveis populares no Brasil, a MRV quer repetir a sua experiência nos Estados Unidos.

Em setembro, a empresa adquiriu 51% das ações da incorporadora americana AHS Residential, que atua com construção e administração de aluguel de residências. Com o investimento, estimado em US$ 235 milhões, a ideia da companhia é conquistar clientes com poder aquisitivo entre US$ 37 mil e US$ 87 mil por ano. “Nos tornamos a primeira multinacional brasileira do setor da construção com atuação no mercado americano”, diz Menin. “Não vamos ficar restritos ao Brasil. E esse será o nosso grande passo para o futuro.”

Concentrada no sul da Flórida, a MRV já tem planos para o território americano: chegar a Atlanta, na Geórgia; em Dallas e Houston, no Texas. Hoje, a AHS Residential faz a gestão de aproximadamente 2 mil unidades por ano. O objetivo até 2028 é ampliar a quantidade de construções para 5 mil residências por ano. Até por isso, as viagens e reuniões corporativas estão em alta. “Ultimamente, não tem um dia em que eu não viaje”, diz. Com tantas novidades, as ações ordinárias da empresa responderam ao estímulo na B3, com uma valorização de 40%. “Estamos com a sensação de que cumprimos bem o nosso dever para o ano”, diz Menin. Mas não foi só a MRV que trouxe alegria para o empresário. Em dezembro de 2018, a Log Commercial Properties, unidade de gestão de espaços comerciais da construtora, realizou sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na bolsa. Neste ano, os papéis da companhia de logística se valorizaram 66%. “Depois de dez anos após a fundação, a Log está vivendo o melhor momento da vida dela”, diz Menin. “É uma empresa com penetração nacional e que deve alçar voos mais altos no futuro.”

“O Brasil está parado há dez anos. Nós sentimos
que existe um gap entre o país e o mundo desenvolvido.
Precisamos tirar esse atraso”

Não menos importante, o Banco Inter, administrado por João Vítor Menin, filho de Rubens, também foi à bolsa de valores, captando R$ 722 milhões em abril de 2018. “O Inter captou a nova realidade do sistema financeiro, que é a ‘bancarização’ das pessoas, sem tarifas e de forma digital. Temos conseguido crescer em uma escala muito grande”, afirma o empresário, que também é presidente do conselho de administração do banco. Sua aposta disruptiva e inovadora já atraiu mais de 3 milhões de clientes e alcança quase 300 mil novas contas por mês. “É um banco digital que tem oferecido uma interação maior com os consumidores por meio de aplicativos móveis de pagamento, aplicação financeira e empréstimos, por exemplo.”

O futuro de Menin inclui a mídia. Ele está pos trás da versão brasileira da rede CNN. Os valores investidos não foram divulgados por questão de contrato, mas as obras na Avenida Paulista, onde fica a sede central da franquia no País, estão a todo vapor, com construção de estúdios e contratação de funcionários. “Acho que o grande trabalho nossa já está feito. A equipe está formada. Já estamos com 500 funcionários”, diz Menin. O empresário projeta que o canal brasileiro da CNN vá ao ar no primeiro trimestre de 2020. Tudo isso mostra que, além de ter mãos calibradas, Menin é um empreendedor com inspiração e vontade de revolucionar diversos setores. E isso é bom para o Brasil.