A Covid-19 está se espalhando entre a população mundial desde 2020, porém ainda é um vírus pouco conhecido pela comunidade científica. Os efeitos e sintomas, mesmo bem documentados, geram mistérios como casos de covid longa, em que a pessoa passa meses sentindo os estragos causados pela infecção inicial.

Cientistas agora estudam a possibilidade de o coronavírus ficar “escondido” no organismo das pessoas e se manifestar em períodos específicos, como acontece com a herpes tipo 1 e 2, ou o HIV, por exemplo. Nesses casos, as células de defesa deixam de funcionar como o esperado e a infecção reaparece, causando problemas de saúde em maior ou menor grau.

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É necessário fazer duas distinções nestes casos para entender o potencial de cada doença: os vírus de DNA com material genético que fica dentro do núcleo das células humanas e os vírus de RNA. O DNA é composto por duas fileiras de informações genéticas, com uma formação mais complexa e difíceis de serem combatidas quando apresentadas em formato de vírus. Já no caso dos vírus RNA, as informações genéticas são mais simples e mais fáceis de serem derrubadas pelo organismo.

Algumas doenças, como o HIV, conseguem fazer uma espécie de mutação do vírus RNA para DNA e elas são incorporadas ao genoma humano, se escondendo por anos e fugindo da eficácia de medicamentos. No pior dos casos, a pessoa para de tomar esses remédios inibidores e a doença volta com força total.

O coronavírus pode ficar ‘escondido’ no corpo?

Cientistas consultados pela BBC acreditam que o coronavírus dificilmente terá essa capacidade de desenvolver mecanismos para se esconder no organismo humano. E, segundo o biólogo molecular Carlos Menck, do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), o Sars-CoV-2 é um vírus RNA, que não possui uma enzima de transcriptase reversa, como o HIV, por isso ele não se integra ao genoma humano.

Nos casos de covid longa, em que as pessoas seguem semanas, até meses, sentindo sintomas acentuados da infecção – como dores de cabeça, fadiga, perda de olfato, entre outros – o fenômeno pode ser explicado da seguinte forma: o vírus causa estragos nos primeiros dias do processo inflamatório, e em alguns sistemas imunológicos essa invasão tende a ser mais danosa, exigindo mais do sistema imune.