Tradição: vinhedos com os cestos de palha ainda usados na safra e as ânforas de barro onde as uvas fermentam: método ancestral (Crédito:Divulgação)

Prepare-se para conhecer um vinho totalmente diferente de todos os que você já bebeu. Ele vem da Geórgia, país que por 70 anos viveu sob domínio russo e onde são cultivadas 525 variedades de uvas autóctones. Reza a lenda que foi a partir de lá, há cerca de 8 mil anos, que a cultura da vinha se difundiu pela Ásia Menor e depois Europa. Tudo teria começado em um qvevri. O nome se refere às tradicionais ânforas de barro usadas para armazenar uvas. Uma fermentação espontânea originada num desses recipientes teria dado ao mundo o primeiro vinho. Como a história é impossível de ser comprovada, ela vale pelo que traz de real: ainda hoje, 8 mil safras depois, os vinhos da Geórgia continuam a ser feitos nessas grandes ânforas em forma de ovo, sem alças, que após receber as uvas são enterradas por períodos de 12 a 14 meses.

Vinho laranja: Qvevri Rkatsiteli 2014: por R$ 248 na Wine7

A fermentação resultante faz com que alguns dos vinhos brancos se tornem cor de laranja. Ainda pouco conhecidos no Brasil, os rótulos da Geórgia começaram ao mercado chegar por influência do embaixador da Polônia em Brasília. Foi ele quem sugeriu a região aos donos da importadora Wine7, que já traziam ao País uma vodka polonesa de categoria premium. “Assim que vimos os rótulos percebemos que os próprios nomes das uvas poderiam chamar a atenção do consumidor”, diz Adriano Mercucci, um dos sócios da Wine7.

Ele se refere a cepas como a branca Rkatsiteli e a tinta Saperavi, que produz um vinho de cor rubi cujos aromas lembram romã, figo, mirtilo e amora. “As qualidades olfativas e gustativas dos vinhos da Geórgia exaltam frutuosidade e frescor, que são reflexos do seu terroir, o que permite que a qualquer ensejo tenha várias opções acessíveis para oferecer”, afirma o sommelier Tiago Pereira. Em sua terceira importação da Geórgia, a Wine7 trouxe 60 mil garrafas de 16 rótulos, a preços que chegam ao consumidor final entre R$ 52 e R$ 500. E como é vender vinhos de uvas que quase ninguém conhece por aqui? “O consumidor brasileiro está se sofisticando e busca diferenciação”, afirma Mercucci, que prefere colocar seus produtos em restaurantes e empórios a vender em supermercados ou por e-commerce. “O interesse crescente por esses rótulos já nos deixou animados para trazer vinhos artesanais de outras regiões também desconhecidas no Brasil”. Um dos países que a Wine7 tem “namorado” é a Romênia.