No mundo corporativo existem algumas máximas. Uma diz que não há almoço grátis. E software gratuito? Alguns acreditam que a resposta está no Linux, o sistema operacional adversário do Windows da Microsoft. A questão é que o Linux tem um custo que está relacionado a adaptação do programa às necessidades e computadores da empresa. De acordo com a arqui-rival Microsoft, essa operação sairia pelo menos 25% mais cara do que com um software pago como o Windows. Esses dados se baseiam em levantamento sobre os custos de software feito pelo instituto de pesquisa International Data Corporation. ?É o barato que fica caro no final?, diz Eduardo Campos, gerente da Microsoft Brasil. A turma do Linux se defende: ?Nessa conta o Linux até pode custar mais. O ganho está na economia de escala que ele traz. Um técnico cuida de 48 máquinas Linux ao mesmo tempo, ou 12 com Windows?, diz Jaques Rosenzvaig, presidente da Conectiva, maior representante do programa na América Latina.

Polêmicas à parte, é certo que o mercado tem se ampliado para o Linux. Em 2002, ele estava presente em 12% dos servidores brasileiros contra 8% do ano anterior. Na verdade, o Linux aumenta sua participação em um espaço que antes pertencia ao sistema operacional da Unix. Já a Microsoft permanece na liderança absoluta do setor, 60% das máquinas levavam seu software em 2002 ? eram 57% um ano antes. Unix e Novell, respectivamente, perderam 3% e 4% de participação de mercado no ano passado. Fica a pergunta: como ter lucro com um software gratuito? ?Com a venda de serviços?, explica Rosenzvaig. A companhia oferece pacotes para todos os tipos de bolso, com valores que variam de R$ 10 no varejo a R$ 8 mil por ano para atendimento 24 horas a corporações. ?Cerca de 70% do faturamento vem do mercado corporativo. A próxima meta da empresa é oferecer um pacote em que cada cliente corporativo terá um técnico de plantão a 15 minutos dele.

O contra-ataque da Microsoft não vem só com a atualização de seus produtos. ?A tendência é que a companhia não demore a abrir seus códigos também. Ela começa a repensar seu modelo de negócios?, diz Daniel Domeneghetti, da e-Consulting. Enquanto isso não ocorre, os clientes continuarão a ter de escolher entre um e outro. Como decidir? ?É preciso uma análise das necessidades de cada cliente?, explica Marco Stefanini, sócio da Stefanini, uma das maiores consultorias brasileiras de informática do País. Ou seja, apesar das torcidas organizadas por um ou outro sistema operacional, é bem provável que eles tenham de conviver em pé de igualdade daqui algum tempo. Na Microsoft, o clima também é de tranqüilidade. ?Hoje, a briga se encontra no campo tecnológico e temos certeza de que nosso produto está extremamente bem posicionado. E, por isso, continuamos ganhando mercado?, diz Campos. Nessa briga, o cliente ganha, no mínimo, algum desconto.