Em suas viagens, a sra. conheceu muitas grandes cidades de países em desenvolvimento? Os desafios são parecidos em todo o mundo?
Sim, eles costumam ser os mesmos. O grande objetivo atual é fazer com que mais pessoas recebam os serviços públicos. A África do Sul tem um problema adicional, que é o legado do apartheid. Os serviços eram oferecidos apenas para os brancos. Temos de compensar o tempo perdido.

Em São Paulo, há um grande debate em torno dos limites de velocidade das vias para os carros. O que pensa sobre isso?
Eu soube que houve o aumento de velocidade em alguns locais. Acredito que as cidades precisam ser calmas. Elas precisam acomodar a todos, não só a quem está de carro. Na África do Sul, cada carro transporta, em média, só uma pessoa. Um ônibus tira 40 carros da rua. É usado pelo trabalhador de colarinho branco e pelo braçal. Permite mais integração e coesão social.

Qual foi o impacto do BRT na vida de Joanesburgo, instalado para a Copa do Mundo de 2010?
Principalmente, conectamos o sul da cidade, em que as pessoas negras costumam viver, com o centro. A última fase do projeto entrará até 2018 em operação e vai conectar o centro financeiro com o norte da cidade, que será o trecho mais utilizado. Muitas pessoas vão trabalhar a pé a partir de Alexandra (área populosa de assentamentos informais, mais de 20 km distante).

(Nota publicada na Edição 1013 da revista Dinheiro)