Nos últimos quatro anos, a Microsoft lucrou mais de US$ 65 bilhões. É um desempenho impressionante, muito mais vistoso do que os dos seus concorrentes na área de tecnologia. Mas isso não se refletiu no preço de suas ações, que praticamente ficou estagnado neste período. O problema é que todo esse dinheiro vem de apenas dois produtos: o sistema operacional Windows e o pacote de automação de escritório Office. Eles são os suportes da Microsoft, que reina absoluta no mundo dos computadores pessoais. 

 

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Mais uma tentativa: Steve Ballmer, CEO da Microsoft, perdeu 50% de seu

bônus em razão do resultado ruim da área de celulares

 

Mas isso está mudando e a companhia tem se esforçado para ganhar seu quinhão em outros terrenos, que serão mais lucrativos no futuro. Na área de buscas, ela tem avançado com o Bing. 

 

Nesta segunda-feira 11, a empresa de Bill Gates faz uma nova aposta no mercado de telefonia móvel ao lançar o Windows Phone 7, sua renovada plataforma para smartphones para competir com o iPhone e os aparelhos Android, que rodam o software do Google.

 

“Perdemos um ciclo”, disse Steve Ballmer, CEO da companhia, em entrevista ao jornal The Wall Street Journal. “Tivemos questões de execução do ponto de vista de pesquisa e desenvolvimento e, desde o último lançamento, a indústria mudou, a tecnologia mudou e o hardware também.” 

 

A Microsoft espera que os usuários apaguem da memória equívocos como o celular Kin (que tinha outro software), retirado do mercado dois meses após o seu lançamento. A sua participação neste segmento também tem diminuído. 

 

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Hoje, ela está na faixa dos 5%. Há um ano, era 9% (confira gráfico ao lado). Neste período, o Android, que tinha pouco mais de 1%, saltou para 17,2%. “A Microsoft pensava nessa plataforma como um PC, mas com uma tela menor”, afirmou à DINHEIRO Rob Enderle, principal analista da consultoria norte-americana da Enderle Group. “Os grandes problemas da Microsoft, agora, são imagem e marketing.” 

 

O Windows Phone 7, que chega ao mercado com o apoio de empresas como HTC, Samsung e LG, quer corrigir esses erros, que custaram a Ballmer uma redução de 50% em seu bônus, no exercício fiscal de 2010, encerrado em julho. 

 

A interface gráfica do sistema operacional é bastante diferente de tudo o que a Microsoft já desenvolveu na área móvel. Ela também não segue a linha de design do iPhone e dos modelos Android. 

 

A empresa de Bill Gates está privilegiando conteúdos que refletem as atividades que mais importam para as pessoas, como música, games, fotos e trabalho. “Desenvolver um clone dos dois sistemas não seria interessante”, afirma Rob Enderle. “Ser diferente é importante, mas fazer as pessoas olharem para essa diferença de forma favorável é crítico para o sucesso da Microsoft.”

 

Avançar no mercado de smartphones tornou-se crucial para a Microsoft – e não só para proteger sua participação no mercado de computadores. É também uma grande oportunidade para gerar novas receitas em licenças, buscas e comércio eletrônico. “Se vendermos muitos celulares, boas coisas vão acontecer”, declarou Ballmer. 

 

A crítica especializada avaliou de forma positiva o Windows Phone 7. Ele traz alguns ingredientes que já estão nos seus concorrentes, como o recurso multitoque que foi popularizado pelo iPhone. Mas os usuários mais exigentes vão sentir a falta da multitarefa, capacidade de deixar dois ou mais aplicativos funcionando ao mesmo tempo. 

 

A questão, no entanto, é se não é tarde demais para a Microsoft. Ballmer acredita que não. Há um ano, o Android, do Google, quase não existia. A esperança da empresa de Bill Gates é que o mesmo aconteça com o seu software. Será que desta vez Ballmer terá o toque mágico?