A confluência entre a queda dos juros, a redução da inadimplência e o aumento das carteiras de crédito fez maravilhas com os resultados dos bancos de varejo no segundo trimestre. Na terça-feira 23, o Santander anunciou um lucro líquido gerencial de R$ 3,6 bilhões, crescimento de 20,1% em relação ao período entre abril e junho de 2018. Com isso, a rentabilidade patrimonial anualizada do banco, que é medida pela relação entre os lucros e o patrimônio líquido, subiu para 21,3%, alta de 1,8 ponto percentual em reação ao ano passado. “O banco ganhou em eficiência e melhorou seu desempenho”, diz Sérgio Rial, presidente do Santander. Boa parte do aumento do resultado veio da ampliação da carteira de crédito. O total de empréstimos cresceu 9,3% para R$ 317,6 bilhões. A ênfase ficou nos financiamentos para pessoas físicas e ao consumo, que cresceram 18% e 17,2%, respectivamente. Já os financiamentos para grandes corporações recuaram 6,1% nesse período, para R$ 85,9 bilhões. “Os clientes de maior porte estão preferindo aproveitar as oportunidades no mercado de capitais”, diz Rial.

Dois dias depois, na quinta-feira 25, foi a vez do Bradesco. O banco presidido por Octavio de Lazari anunciou um lucro de R$ 6,46 bilhões no trimestre, aumento de 25,2% em relação ao ano passado. O retorno subiu de 18,4% em 2018 para 20,6%. “Nossa rentabilidade patrimonial voltou a superar 20% ao ano e podemos manter, ou mesmo melhorar, esse percentual”, diz Lazari. O presidente do Bradesco não está sendo exageradamente otimista. Para os analistas do setor, os bancos fizeram uma boa lição de casa nos últimos três trimestres ao sanear os empréstimos problemáticos de suas carteiras. Agora, a queda dos juros e a recuperação da economia, embora tímida, podem trazer resultados melhores. “O crescimento mais forte no crédito para pessoa física e para as micro e pequenas empresas, com a qualidade dos ativos sob controle, deve gerar boas perspectivas para a margem financeira e para a receita de tarifas”, segundo um relatório do BTG Pactual.

Queda na inadimplência e aumento dos empréstimos melhoram as margens de lucros dos bancos no segundo trimestre e indicam um panorama melhor
Octavio de Lazari, do Bradesco: “Nossa rentabilidade patrimonial voltou a superar 20% ao ano e podemos manter, ou mesmo melhorar, esse percentual” (Crédito:Divulgação)

Os empréstimos para as pessoas físicas e para pequenas e médias empresas também foram importantes na melhora dos resultados do Bradesco. A carteira de crédito total cresceu 8,7% em 12 meses, para R$ 560,5 bilhões. No caso das pessoas físicas, o aumento foi quase o dobro disso. Os financiamentos avançaram para R$ 209,9 bilhões, alta de 14,8% em relação a junho de 2018. Além de emprestar mais, o banco está conseguindo ganhar mais fazendo isso. “Os resultados vieram acima do esperado e a margem financeira teve mais protagonismo nisso do que o crescimento do crédito”, segundo os analistas Felipe Bevilacqua e Eduardo Guimarães, da Levante Ideias de Investimentos.

Sergio Rial, do Santander: “O banco ganhou eficiência e melhorou seu desempenho” (Crédito:Divulgação)

Um dos destaques foram os resultados da seguradora do Bradesco, frequentemente premiada como a melhor empresa no setor no anuário AS MELHORES DA DINHEIRO. O lucro líquido subiu para R$ 1,88 bilhão de reais no trimestre, alta de 15,9% em relação ao mesmo período do ano passado. No semestre, os lucros de seguros, previdência e capitalização subiram para R$ 3,6 bilhões, avanço de 23,6% em relação aos seis primeiros meses de 2018. “Esse foi o principal destaque positivo para o resultado”, segundo os analistas da Levante.