O mercado imobiliário americano, apesar das oscilações, é um colosso de oportunidades de negócios. Os compradores estrangeiros investiram US$ 59 bilhões em propriedades residenciais nos Estados Unidos entre abril de 2021 e março de 2022. Os dados da National Association of Realtors (Associação Nacional de Corretores de Imóveis, tradução livre) refletem alta de 8,5% na comparação ao intervalo anterior e põem fim a sequência de três anos de queda. E a Sagewood Corporation segue de olho nesse filão, principalmente por ter entre seus clientes 80% de brasileiros e latinos que moram ou que veem na terra do Tio Sam oportunidade de investimento. “A empresa cresceu, em grande parte, devido à recomendação boca a boca. Mas a intenção é equilibrar cada vez mais”, disse à DINHEIRO Douglas Strabelli, o fundador.

Compradores do Brasil ocupam o quinto lugar entre os principais clientes no período no mercado americano, com investimento de US$ 1,6 bilhão. O ranking é liderado pelos canadenses (US$ 5,5 bilhões), seguidos por mexicanos (US$ 2,9 bilhões), chineses (US$ 6,1 bilhões) e indianos (US$ 3,6 bilhões). Além de construtora, a Sagewood atua como developer e no momento desenvolve projetos que somam US$ 230 milhões. A empresa tem no portfólio empreendimentos como o Hotel Fasano, em Nova York, de US$ 45 milhões, e mansão nos Hamptons, de US$ 35 milhões. Em pouco mais de duas décadas, foram mais de 360 empreendimentos projetados, com cerca de 52 mil m² construídos.

DO ALTO PADRÃO AO LUXO Empreendimentos construídos por Douglas Strabelli têm conquistadoa atenção de clientes brasileiros e latinos. Foco é atrair mais americanos.

Engana-se, no entanto, quem pensa que a companhia criada em 2001 pelo paranaense de Maringá teve trajetória fácil nos Estados Unidos. Além da concorrência natural do segmento, o administrador enfrentou o desafio comum a muitos estrangeiros que chegam ao país: a língua. Strabelli não sabia falar em inglês e, ainda assim, conseguiu erguer a estrutura para alavancar os negócios ao longo dos anos.

Hoje, as operações da companhia estão 100% focadas nos estados da Flórida e de Nova York. O motivo? Alta demanda e disponibilidade de recursos apresentadas por esses mercados. Mas agora os limites serão ampliados. “Estudamos expandir os projetos no próprio estado da Flórida, em cidades como Orlando e Tampa”, disse Strabelli. E mesmo outros mercados já entraram na mira. “Nos preparamos também para investir em outros estados americanos, como Geórgia, Carolina do Norte e do Sul, e mesmo no Brasil.”

O portfólio diversificado é um dos chamarizes da Sagewood. Inclui desde empreendimentos multifamiliares (com preços médios de US$ 60 milhões) até edifícios médios, casas unifamiliares de luxo (preços médios de US$ 3 milhões a US$ 5 milhões), condomínios e hotéis. “Atualmente, a maioria dos projetos em nosso pipeline consiste em empreendimentos comerciais multifamiliares com um período médio de espera de cinco a sete anos”, disse. “No entanto, nosso portfólio é composto por projetos que atendem compradores finais, locatários e empresas (varejo/hotelaria).” O tipo de cliente e suas preferências variam de acordo com o projeto. Segundo o empreendedor, clientes particulares que procuram uma casa preferem acabamentos de alto padrão a luxo, enquanto a base de usuários finais nos projetos multifamiliares está mais atenta a fatores de conveniência, como localização e comodidades.

Strabelli prevê aumento de 14% ano a ano nos custos de construção até o fim do ano (mão de obra e material). A falta de matérias-primas decorrente da pandemia e da guerra entre Rússia e Ucrânia está entre os principais motivos. “E esperamos que os preços se estabilizem na faixa de 2% a 4% em 2023/2024”, disse o paranaense. A situação tem influenciado no preço dos imóveis que, em Miami, por exemplo, aumentaram 15% ano a ano para residências unifamiliares e 28% para condomínios. “Os aluguéis experimentaram aumento de 13% ano a ano.”

O déficit habitacional do mercado norte-americano é de 3 milhões de unidades. E a Sagewood vive momento de plena expansão e aquisições. Em 2022 adquiriu oito terrenos que serão combinados em seis prédios. “Essa aquisição tem como maior foco os multifamiliares.” As obras estão previstas para ter início entre fevereiro e julho de 2023, com conclusão e início de operação nos primeiros meses de 2025.