Em duas ações seguidas, a equipe econômica de Guido Mantega deu gás novo à moeda americana – primeiro aumentando o IOF sobre renda fixa para capital estrangeiro, de 2% para 4%, e depois adiantando a compra de US$ 11 bilhões pelo Tesouro Nacional para saldar dívidas externas que vencem até 2014. O impacto efetivo das medidas ainda é duvidoso. O dólar se desvaloriza no mercado interno pela liquidez excessiva. Como praça emergente, o Brasil tornou-se destino preferencial dos aplicadores. 

 

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A capitalização da Petrobras, aliada aos indicadores positivos da economia interna, gerou um frenesi entre investidores. Nessa maré, o dólar vai continuar entrando em proporção jamais registrada antes e o colchão de reservas nacionais, por isso mesmo, não deve parar de engordar. 

 

Já superou o patamar robusto de mais de US$ 270 bilhões armazenados. O fato é que o mundo vive uma guerra cambial inédita. Não se trata, portanto, de exclusividade brasileira a valorização da moeda local versus o dólar. 

 

Vantagens e desvantagens podem ser relacionadas ao processo. A questão central, porém, é saber até quando o governo vai ter pulso para seguir com a postura, correta, de obedecer às leis de mercado, mantendo a política preestabelecida de flutuação da moeda. Se flutua, lembram os economistas, pode subir ou descer. 

 

Em qualquer desses estágios, interferir fere a regra, uma heresia capitalista que abala a imagem de credibilidade do País. A eficácia do combate a movimentos artificiais de especulação que porventura possam estar ocorrendo deve se dar, sobretudo, por uma política monetária que contemple juros realistas. 

 

Todos sabem que virou uma atração irresistível para qualquer investidor uma transação de retorno garantido, com altos dividendos e baixíssimo risco. O Brasil, pela sua condição excepcional, está entregando isso. 

 

Com os juros lunares e a ameaça zero de calote, conquista cada vez mais inversões. Por outro lado, paga uma conta alta demais pela prática de taxas que não têm paralelo no planeta.