Seja na vida, seja nos negócios, ter uma intuição apurada é fundamental para o sucesso. Como um sexto sentido, as decisões muitas vezes são baseadas no inconsciente, o que motiva as pessoas a saírem da zona de conforto e ir mais longe. É com essa filosofia que o ex-triatleta Davi Viana, executivo que passa a comandar as operações da multinacional americana de gestão de software Intuit no Brasil a partir deste mês, pretende transformar a empresa e dobrar os resultados no País. Em sua página no LinkedIn, a companhia se define como criadora de soluções intuitivas no universo digital – “Com o uso de big data, machine learning e automação, ajudamos os consumidores, donos de pequenas empresas e profissionais autônomos a alcançarem seus sonhos de prosperidade.”

Ocupando o cargo do alemão Lars Leber, que se tornou vice-presidente da companhia na Austrália, Viana assume a função com grandes expectativas de crescimento no mercado brasileiro. “A base no Brasil ainda é muito grande e promissora”, afirmou Viana. “Calculamos que mercado aqui possui cerca de 5 milhões de clientes. Pelo nosso feeling, vamos alcançar 25% de market share até 2025. ” A estratégia, segundo ele, é focar sua atuação nas pequenas e médias empresas, responsáveis por cerca de 90% do mercado nacional. Perto de completar 40 anos de história, a Intuit fechou o ano fiscal de 2020, encerrado em julho, com 57 milhões de clientes (crescimento de 96% em dez anos) e receita de US$ 7,7 bilhões (13% acima do ano anterior). Em 12 meses, as ações da companhia tiveram alta de 36%.

Para Viana, é preciso sempre analisar, conhecer o mercado, definir os caminhos para crescer e sentir se é o momento certo de avançar. “No mercado brasileiro, essa hora chegou.” A tática da Intuit no País caminha em harmonia com os planos de expansão da empresa em todo o mundo. Brasil e México, na percepção de Viana, são dois novos mercados que devem se destacar. Até porque, onde há problemas, há oportunidades para soluções. “O Brasil é cheio de jabuticabas, burocracias e, para o empreendedor, tempo é dinheiro. É aí que entra a Intuit”. Sob nova direção, a companhia trabalha na consolidação de um portfólio mais amplo de softwares de gestão e contabilidade para pequenos e médios empresários.

AGILIDADE Viana não revela números, hábito não exatamente saudável para empresas com DNA de capital aberto, e diz apenas que o investimento no País será alto e constante. “É barato investir no Brasil. Além disso, a empresa tem caixa e apetite pelo mercado brasileiro.” O programa principal da companhia (QuickBooks) soma, sozinho, mais de 7 milhões de pequenos e médios empreendedores e mais de 1 milhão de contadores como clientes pelo mundo.

Dados mais recentes da Pesquisa Pulso Empresa, do IBGE, de agosto de 2020, mostram que das quase 3,4 milhões de companhias brasileiras com até 49 empregados 33,7% tiveram impacto negativo com a pandemia. Para a Intuit, essa realidade foi fator de aceleração dos planos de expansão no País. “Oferecemos descontos de quase 90% nos nossos programas, pois sabemos como é importante que os PMEs entendam o que acontece e tenham tempo para sair dessa situação”, afirmou. Pelos seus cálculos, entre 2019 e 2020 a base de clientes da empresa mais que dobrou e segue crescendo de 40% a 50% a cada trimestre. “O plano é dobrar em receita e em número de clientes. Temos recursos, temos apetite e vamos começar a olhar para parcerias”, disse Viana.