Ele nasceu pobre, no interior de Goiás, trabalhava na roça e dedicou anos à música sertaneja até conseguir o tão esperado sucesso. Essa seria a história de muitos cantores desse estilo de música, mas certamente não é o caso de Fernando Fakri de Assis, de 32 anos, o Sorocaba da dupla Fernando e Sorocaba (não, o leitor não se confundiu: o primeiro nome dos dois sertanejos é Fernando), uma das responsáveis por renovar o gênero musical no País. Criado no bairro do Ibirapuera, na capital paulista, e nascido em uma família abastada, o contato do músico com o mundo sertanejo começou ainda criança, quando passou a frequentar o haras do avô, na cidade do interior de São Paulo que inspirou seu nome artístico. 

 

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Ouvido apurado: enquanto Sorocaba (á esq.) compõe e descobre artistas que irão fazer sucesso,

Fernando é responsável pelos arranjos das canções e pela produção musical 

 

Com seis anos de carreira profissional, a dupla movimentou, em uma estimativa conservadora, R$ 40 milhões em shows somente em 2011. Metade desse dinheiro foi embolsado pelos dois. Sorocaba também é o compositor cujas músicas são mais executadas no País: com mais de R$ 500 mil arrecadados em 2011, de acordo com o Ecad. Ele é o campeão nacional em direitos autorais, superando nomes badalados como Roberto Carlos e Caetano Veloso. Não bastasse isso, ainda se dedica à vida de empresário do ramo musical e esportivo. Com a FS Produções Artísticas, Sorocaba está construindo um negócio lucrativo: descobrir novos talentos e administrar a carreira e imagem de artistas da cena musical brasileira. 

 

Nesse empreendimento, são seus sócios o parceiro Fernando, seu primo Fábio Fakri, responsável pela administração da empresa, e Fábio Elias, que faz a venda dos shows. A primeira descoberta de Sorocaba foi o cantor Luan Santana, o ícone do circuito sertanejo universitário, que já vendeu mais de dois milhões de CDs e DVDs e cobra aproximadamente R$ 300 mil por um show, um dos cachês mais caros do País. Hoje, Santana tem sua própria empresa para administrar sua carreira, mas Sorocaba ainda detém 20% dos direitos sobre suas receitas, que teriam chegado a R$ 70 milhões nos últimos dois anos (saiba mais no quadro ao final da reportagem). 

 

Sorocaba não revela o faturamento da empresa, mas afirma que o mercado sertanejo é um dos maiores da indústria fonográfica do País. “Todo ano dobramos de tamanho”, diz ele, sobre a FS, que tem quatro anos de existência. Para promover os artistas de seu próprio escritório, Fernando e Sorocaba usam sua imagem de dupla bem-sucedida. Em seu último DVD, além de Luan Santana, Thaeme e Thiago e Inimigos da HP – que estão no portfólio da produtora – fizeram uma ponta no show. Com o olhar apurado para os negócios, o sertanejo comprou, no mês passado, 20% dos direitos da revelação do Santos, Victor Andrade, 17 anos. O jogador está avaliado em € 50 milhões de euros. 

 

Apesar do império sertanejo construído, a carreira musical de Sorocaba começou há pouco mais de dez anos. Aos 20 anos, à época em que era mais conhecido como Fernando Fakri de Assis, ingressou na faculdade de agronomia em Londrina e recebeu de colegas de república o apelido de Sorocaba. Ainda durante os estudos, ele começou a compor e cantar pelos bares da cidade. Mas faltava um músico para fazer os arranjos e dividir os palcos. Foi então que conheceu Fernando Zorzanello Bonifácio, que tentava carreira em Cuiabá. Fernando desistiu da capital de Mato Grosso e formou com ele uma dupla que não se cansa de fazer sucesso nos palcos e nos negócios até hoje.

 

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