Depois de quase dois anos vivendo em Roraima, ao lado de refugiados venezuelanos, o bilionário Carlos Wizard Martins, chairman do Grupo Sforza, começa uma nova missão humanitária: o combate à Covid-19. A inciativa de Wizard inclui a construção de um hospital de campanha em Campinas, no interior de São Paulo, além da doação de R$ 1 milhão ao hospital da Unicamp. O Hospital de Clínicas da universidade, que possui 30 leitos de UTI, ganhará mais 100 nas próximas semanas. A execução será feita em parceria com a ONG EDS (Expedicionários da Saúde), liderada pelo médico Ricardo Affonso Ferreira, que transferiu de Manaus para Campinas um hospital de campanha móvel. O transporte foi realizado a custo zero graças a uma parceria estabelecida com a Azul Linhas Aéreas, do empresário David Neeleman. Outra ação de Wizard será reverter 100% das vendas de seu livro Meu Maior Empreendimento, relato de suas experiências na fronteira do Brasil com a Venezuela. “Estava tudo pronto para rodar meu livro impresso, mas diante da situação vou distribuir em forma de e-book, a R$ 9,90. Para cada download do livro, vou doar igual valor para o combate ao coronavírus”, garante o empresário, que também vai doar R$ 1 por venda da rede Taco Bell feita por delivery. A estimativa é arrecadar R$ 100 mil durante o mês de abril para essa causa social. Assim como fez em Roraima, Wizard está usando sua rede de contatos para atrair doações de outros bilionários. Entre os que já se comprometeram em apoiar a causa estão Elie Horn, da Cyrela, e a família Safra. “É lamentável ver que essa doença tão grave, que obviamente não é uma gripezinha, tenha virado tema de palanque político no Brasil”, critica Wizard, sem citar nominalmente a controversa posição do presidente Jair Bolsonaro. “Tenho plena certeza que o distanciamento social é necessário para diluir o volume de atendimento urgente nos hospitais do País. Quando se tem amor ao próximo e espírito comunitário, facilmente se enxerga que a medida é fundamental, por enquanto”, diz o empresário, membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, popularmente conhecida como Igreja Mórmon. Durante o período em que esteve em Boa Vista, Wizard auxiliou mais de 12 mil refugiados a deixar Roraima e reiniciar a vida no Sul e Sudeste.

(Nota publicada na edição 1165 da Revista Dinheiro)