O Monte Paektu é um vulcão ativo e o ponto mais elevado da península da Coreia. Para os coreanos, esta montanha é sagrada e representa o berço espiritual de um povo dividido em dois Estados.

De acordo com a lenda, o Monte Paektu foi o local de nascimento de Dangun, que fundou o primeiro reino coreano há mais de 4.000 anos.

Com um grande simbolismo, a montanha de 2.744 metros é mencionada no primeiro verso do hino nacional sul-coreano. Além disso, “Vamos ao Monte Paektu” é uma canção popular na Coreia do Norte que promove a lealdade ao líder Kim Jong-un.

Nesta quinta-feira, no último ato da visita de três dias do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, ao Norte, os dois líderes visitaram a montanha.

“O Monte Paektu é a montanha espiritual do povo coreano”, declarou o porta-voz do sul-coreano à imprensa.

Para os norte-coreanos, foi nesta montanha que Kim Il-sung – fundador da Coreia do Norte e avô de Kim Jong-un – estabeleceu um acampamento militar clandestino durante a resistência contra o domínio colonial japonês, que ocupou a península de 1910 a 1945.

A biografia oficial também afirma que o Monte Paektu foi o local de nascimento de Kim Jong-il, seu filho e sucessor. Segundo os historiadores, porém, este último teria nascido em uma base soviética na Sibéria, local de exílio de seu pai.

A dinastia Kim se proclama de “sangue Paektu”, e esta montanha vulcânica é um local de preferência para os murais de propaganda dos líderes do país, onipresentes na Coreia do Norte.

Kim Jong-un visita o local regularmente. Em dezembro, caminhou até o topo do monte antes de pronunciar o discurso de Ano Novo, no qual abordou a abertura diplomática.

Apesar de ser considerado sagrado dos dois lados da fronteira, os sul-coreanos podem visitar o Paektu apenas pelo lado chinês.

A fronteira entre China e Coreia do Norte atravessa a região, onde fica o imponente Lago do Céu.

A Guerra de Coreia (1950-1953) terminou com um armistício, e não com um tratado de paz. Deste modo, as duas Coreias permanecem tecnicamente em guerra, um conflito que criou uma fronteira impenetrável entre os dois Estados e proibiu qualquer interação civil entre eles.

Em 2007, os dois governos coreanos concordaram em estabelecer voos diretos entre Seul e o Monte Paektu, assim como visitas guiadas para os sul-coreanos, mas o projeto não foi concretizado.

Em 2008, o governo sul-coreano suspendeu as visitas ao Monte Kumgang — outra montanha do Norte -, depois que um turista foi morto por um soldado norte-coreano.

Na viagem de avião até Pyongyang para sua terceira reunião com o país vizinho, o presidente Moon declarou: “Prometi a mim que visitaria o Monte Paektu na Coreia do Norte, e não na China”.