O julgamento do russo Alexander Vinnik, suspeito de estar por trás de ataques cibernéticos em massa na França e no mundo, começou nesta segunda-feira (19) no tribunal correcional de Paris.

Vinnik, preso na Grécia em 2017 a pedido dos Estados Unidos e da Rússia, foi entregue à França em janeiro.

A justiça francesa suspeita que ele esteja por trás do “Locky”, um programa de extorsão do qual cerca de 200 pessoas, comunidades e empresas foram vítimas entre 2016 e 2018.

Este programa criptografa os dados dos sistemas informáticos e não os desbloqueia, a não ser com uma chave que só pode ser obtida em troca de um pagamento.

Ele teria causado um dano calculado em 2018 em cerca de 135 milhões de euros no mundo.

O réu declarou: “não tenho nada a ver com o vírus ‘Locky’.”

Diante do presidente do tribunal, que enumerou os atos de intrusão em sistemas de informática, extorsão e lavagem de dinheiro de que é acusado, Alexander Vinnik, de 41 anos, magro, cabelo curtíssimo, casaco preto, negou as acusações por meio de um intérprete.

O réu respondeu às perguntas do tribunal com dificuldade e se definiu como um trabalhador “autodidata” e “freelancer” em web design e como operador na bolsa de valores.

Vinnik disse que nunca ouviu falar do programa “Locky” antes de ser extraditado para a França. Ele reconheceu ter trabalhado vários anos para a plataforma BTC-e, uma das principais bolsas de bitcoins do mundo até o seu fechamento pelos americanos – por onde passaram os pagamentos de extorsão – mas disse que era apenas um “operador”.

Os investigadores americanos consideram-no como o “cérebro” dessa plataforma que, segundo eles, facilitou a lavagem de dinheiro “para os cibercriminosos de todo o mundo”.