A inflação baixinha no Brasil está sob ameaça. Não há segurança de que chegaremos ao final deste ano com alta de 3,8%, como projetam os principais economistas do País. Mas o risco não está ligado ao mercado interno, nem às eleições de outubro. O problema vem de fora. “A relação conturbada entre Estados Unidos e China é fator de risco para inflação no Brasil”, diz Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco. A explicação é que o presidente americano Donald Trump ameaça sobretaxar o aço, após ter aumentado as tarifas de painéis solares e máquinas de lavar importados da China. Xi Jinping já ligou o sinal de alerta e pode retaliar os Estados Unidos, criando obstáculos para a importação da soja. E o que essa briga tem a ver com o Brasil? Qualquer impacto no agronegócio global, principalmente no mercado de grãos, nos afeta diretamente. “Subindo o preço da soja, teremos uma alta de tudo no País”, alerta Mesquita. Resultado: pressão sobre os preços e inflação acima do esperado.

(Nota publicada na Edição 1058 da Revista Dinheiro, com colaboração de: Carlos Eduardo Valim, Luana Meneghetti, Márcio Kroehn e Ralphe Manzoni Jr.)