À primeira vista, a ata é quase uma recomendação para comprar ações. Em sua linguagem sutil, o BC diz que os juros deverão subir menos do que se imaginava no início de julho e que a economia está em desaceleração, mas continua se movimentando. Foi o que bastou para os profissionais do mercado refazerem suas contas.

 

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Investidores em Nova York: incertezas no semestre sobre o crescimento

 

“Os prognósticos no início do mês eram de que os juros estariam acima de 12% em dezembro, mas esse percentual agora recuou para menos de 11%”, diz Jorge Simino, diretor de investimentos da Fundação Cesp. Juros em queda são uma recomendação automática para comprar ações. No entanto, quem quiser aumentar seus investimentos em renda variável tem de pensar duas vezes. Um elemento essencial para o comportamento da bolsa tornou-se mais imprevisível: o ânimo dos investidores internacionais em colocar dinheiro por aqui. “Aumentou a incerteza quanto à sustentabilidade e ao ritmo da expansão nas economias maduras, de modo especial nos Estados Unidos e Europa”, escreveram os membros do Comitê. Em português, isso quer dizer que há menos investimento de fora para sustentar o crescimento da demanda por aqui. Ou seja, os juros menores não são um convite para entrar na bolsa.

 

 

Destaque no pregão 


Bom no Brasil, ruim na Espanha

 

A sinergia entre Santander e Real e a recuperação do crédito estão indo melhor do que o esperado. É o que indicam os resultados do banco comandado por Fabio Barbosa no segundo trimestre de 2010. Na quinta-feira 29, o banco informou lucro de R$ 1,76 bilhão, crescimento de 9,5% em relação ao mesmo período de 2009. No mesmo dia, o Santander na Espanha também divulgou seus resultados, e os números andaram na contramão do desempenho brasileiro. A crise naquele país fez o resultado encolher 8%, caindo de E 2,42 bilhões no segundo trimestre de 2009 para E 2,23 bilhões no mesmo período de 2010.

 

 

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Palavra de analista

 

O resultado do Santander mostrou “dicotomia”, na opinião do analista Daniel Malheiros, da Spinelli Corretora. Segundo ele, a instituição superou as expectativas do mercado em termos de evolução da carteira de crédito. No entanto, o lucro não acompanhou o desempenho operacional da instituição financeira. “Nossas preferências entre os bancos são por Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil”, diz Malheiros, em seu relatório. 

 

 

 

 

Bolsa


Receita define o que é day-trade

 

A Secretaria da Receita Federal  definiu o que é uma operação day-trade na bolsa. No artigo 21 da MP 497, a Receita, que tem Otacílio Cartaxo como secretário, diz que compras e vendas no mesmo dia têm de ser realizadas na mesma corretora. Se forem feitas por instituições diferentes, não são day-trade. Lucros com ações são tributados em 15%, mas os ganhos no day-trade pagam 20%. Assim, o investidor que quiser pagar menos tem de usar mais de uma corretora no mesmo dia.

 

 

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Educação financeira

 

Pílula de veneno (“poison pill”) é um recurso que os controladores de uma empresa usam para dificultar a tomada do controle por outros acionistas. Uma pílula de veneno serve para tornar a oferta hostil menos interessante, por exemplo, obrigando o comprador a comprar todas as ações em circulação pelo preço pago aos controladores. As pílulas surgiram no mercado americano nos anos 80, e começam a ser usadas por aqui.

 

 

 

 

Touro x urso

 

Os últimos pregões de julho foram marcados por uma melhoria no humor dos investidores. Os bons resultados das empresas, que em vários casos divulgaram números mais auspiciosos do que os esperados pelos analistas, sustentaram as cotações. Entre os dias 19 e 29 de julho, nove pregões registraram alta. Em vários deles, o índice chegou a superar o importante nível psicológico de 67 mil pontos, algo que não ocorria desde 29 de abril. A valorização acumulada do Índice Bovespa nesse período é de 7,6%. Com relação aos indicadores da economia americana, os investidores aguardam ansiosamente dois dados. O primeiro é o indicador de renda e gastos pessoais, que será divulgado no dia 3 de agosto. O segundo é o desemprego de julho, que será conhecido em 6 de agosto.

 

 

 

Quem vem lá

 

Desenvix quer a bolsa ainda em 2010

 

A Desenvix, braço de geração de energia do grupo Engevix, pode estrear na BM&FBovespa no segundo semestre de 2010, apurou a DINHEIRO. Os planos de abertura de capital da companhia sediada em Florianópolis foram adiados pelas turbulências no início do ano. “Com a vitória em leilões para implantação de usinas eólicas e de linhas de transmissão, em dezembro de 2009, o grupo está estruturando novos negócios que gerarão importantes empreitadas para a Engevix”, diz a demonstração de resultados da companhia de Cristiano Kok. Procurada, a empresa não comenta o assunto.

 

 

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Fique de olho: com R$ 1,6 bilhão em projetos, o grupo registrou lucro líquido de R$ 141,5 milhões em 2009, alta de 51,6% sobre 2008. A carteira de contratos cresceu 36%, para R$ 3 bilhões. 

 

 

 

Maiores altas da semana

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Maiores baixas da semana

 

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As 10 mais negociadas do Ibovespa

 

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Desempenho das empresas por setor de atividade econômica

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Termômetro do mercado

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Bolsa no mundo

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Cosméticos


Natura quer lucrar no exterior

 

 

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Pedote: “Vamos terceirizar no Exterior” 

 

 

A Natura vai mudar o enfoque de suas operações latino-americanas. Até agora, a diretriz da empresa nos países vizinhos vinha sendo conquistar fatias de mercado. A partir de agora, a orientação é elevar a lucratividade. Parte dessa estratégia também vale para o Brasil.

 

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A Natura é lucrativa por aqui, mas a ordem é melhorar as margens por meio de uma logística mais apurada. Até outubro, a companhia pretende inaugurar dois centros de distribuição, diz Roberto Pedote, vice-presidente de finanças e de relações com investidores da Natura. Os investidores têm respondido positivamente: as ações registram uma valorização de quase 28% até 26 de julho.

 

DINHEIRO – Por que algumas operações internacionais estão deficitárias?

ROBERTO PEDOTE – Optamos por ganhar participação de mercado em todos os países onde atuamos. Na Argentina, no Chile e no Peru tivemos um ebtida (lucro antes de impostos, taxas e amortizações) positivo de R$ 5,4 milhões. Colômbia, México e Venezuela foram negativos em R$ 6,4 milhões.

 

DINHEIRO – Como e quando essa situação deverá ser revertida?

PEDOTE – Por meio da terceirização da produção para parceiros locais. Vamos fechar parcerias em vez de construir fábricas, pois os produtores locais permitirão melhorar a lucratividade e reduzir o impacto ambiental. Não temos uma data específica para fazer com que essas operações sejam lucrativas.

 

DINHEIRO – Quanto da produção será terceirizada?

PEDOTE – Não definimos qual será o percentual da produção, mas com o tempo será uma parcela relevante. Vamos fechar uma parceria em 2010 e teremos três acordos assinados no fim de 2011. Falta definir em qual país vamos começar, pois estamos em fase de negociação.

 

DINHEIRO – E como fica a operação brasileira?

PEDOTE – Pretendemos aprimorar nossa logística, para reduzir o prazo de entrega e melhorar os serviços. Já temos cinco centros de distribuição e vamos inaugurar mais dois até outubro, em Belém (PA) e em Uberlândia (MG). Também teremos mais estoques para reduzir o prazo de entrega.

 

DINHEIRO – A margem bruta caiu de 69,2% no segundo trimestre de 2009 para 61,8% no mesmo período de 2010. O que houve?

PEDOTE – Fizemos promoções de venda e tivemos perdas maiores com as sobras de produtos, que, por conservadorismo, foram provisionadas. A sobra cresceu um pouco no primeiro semestre de 2010 em relação ao mesmo período do ano passado, cerca de 0,8%. Os estoques agora se aproximam do nível dos de 2009 e as perdas devem diminuir.

 

 

Pelo mundo

 

Consumo ajuda Visa

 

A retomada de gastos dos consumidores impulsionou o resultado mundial da Visa. O presidente, Joseph Saunders, anunciou lucro líquido de US$ 0,97 por ação no terceiro trimestre fiscal, encerrado em 30 de junho. O valor é 44,7% maior do que os US$ 0,67 por ação do mesmo período de 2009, já descontado o ganho com a venda na participação da brasileira Cielo.   

 

 

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UBS dispara 8,9%

 

O banco suíço UBS voltou a lucrar no segundo trimestre de 2010, cravando seu terceiro trimestre sucessivo no azul depois de uma série de prejuízos provocados pela crise financeira e por uma disputa jurídica nos EUA. O lucro foi de US$ 1,9 bilhão.

 

 

 

 

Tensão na Danone

 

A expectativa de mais incerteza econômica e queda do consumo na Europa no segundo semestre azedou as ações da Danone. A empresa divulgou um aumento de 7% nas vendas e de 10,1% no lucro líquido no primeiro semestre de 2010 em relação ao mesmo período de 2009. Mesmo assim as ações caíram 4,2% no dia do resultado. 

 

 

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